Um relatório encomendado pela ONU apontou que Israel ainda não ofereceu provas de que os funcionários da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) estariam envolvidos com grupos terrorista. A informação foi divulgada nesta segunda-feira, 22, pelo jornal britânico The Guardian. O anúncio foi realizado quase três meses após o escritório, o principal no serviço de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, ter perdido financiamento de uma gama de países pelo suposto envolvimento de 12 dos seus trabalhadores nos ataques de 7 de outubro, lançados pelo Hamas.
O documento, liderado pela antiga ministra dos Negócios Estrangeiros francesa, Catherine Colonna, mostrou que a agência forneceu com regularidade os nomes dos seus integrantes e que “o governo israelense não informou à UNRWA quaisquer preocupações relacionadas com qualquer funcionário da UNRWA, com base nessas listas de pessoal desde 2011”.
Em meio à troca de acusações, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Itália, Finlândia, Austrália, Suíça, Holanda, França, Canadá, Japão, Estônia, Áustria e Romênia cortaram os fundos à UNRWA. A maioria deles, no entanto, retomou as doações nas últimas semanas. Os ministros britânicos optaram pela cautela, e disseram que esperariam o retorno do relatório Collona antes de reabrir a torneira de dinheiro. Os EUA, de onde vêm as maiores doações, tiveram o apoio financeiro bloqueado por ao menos um ano pelo Congresso.
“Não acredito que as conclusões do relatório Colonna sejam particularmente surpreendentes. Os governos que não o fizeram deveriam retomar imediatamente o financiamento total à UNRWA para que esta possa prestar ajuda a civis desesperados. Muitos palestinos enfrentam a fome devido ao uso que Israel faz da fome como arma de guerra”, afirmou o diretor da ONU na Human Rights Watch, Louis Charbonneau.
+ Agência da ONU para palestinos perde financiamento em meio a investigação
UNRWA na mira
A revisão de Colonna foi auxiliada por três institutos de investigação nórdicos e deverá ser publicada nesta segunda-feira. O documento relembrou que, em março, “Israel fez declarações públicas de que um número significativo de funcionários da UNRWA são membros de organizações terroristas”, como Hamas e Jihad Islâmica, mas “ainda não forneceu provas disso”.
“Até a data, as autoridades israelitas não forneceram quaisquer provas de apoio nem responderam às cartas da UNRWA em março, e novamente em abril, solicitando os nomes e provas de apoio que permitiriam à UNRWA abrir uma investigação”, acrescentou.
Os três organismos nórdicos – o Instituto Raoul Wallenberg de Direitos Humanos e Direito Humanitário, da Suécia, o Instituto Norueguês Chr Michelsen e o Instituto Dinamarquês de Direitos Humanos – também enviarão avaliações detalhadas às Nações Unidas. Além disso, um inquérito sobre os ataques de 7 de outubro está sendo conduzido Gabinete de Serviços de Supervisão Interna da ONU.