Israel faz ‘ataque direcionado’ a Beirute após Hezbollah lançar foguetes
Com caças, objetivo era matar o comandante de operações da milícia libanesa, Ibrahim Aqil; norte israelense foi alvo de 150 disparos nesta manhã
O Exército israelense afirmou nesta sexta-feira, 20, que realizou um “ataque direcionado” contra Beirute, capital do Líbano, após a milícia libanesa Hezbollah lançar mais de 100 foguetes contra o norte de Israel nesta manhã. Uma fonte afirmou à agência de notícias Reuters que o objetivo dos caças de precisão que sobrevoaram a cidade era matar o comandante de operações do Hezbollah, Ibrahim Aqil.
Testemunhas ouvidas pela Reuters puderam escutar o barulho de um jato sobre a cidade na hora do ataque. Depois, uma nuvem de fumaça subiu sobre a área atingida. Imagens do local transmitidas pela Al Jadeed, uma emissora independente do Líbano, mostraram carros queimados e uma rua coberta de escombros.
“As FDI (Forças de Defesa de Israel) conduziram um ataque direcionado em Beirute. Neste momento, não há mudanças nas diretrizes defensivas do Comando da Frente Interna”, disseram os militares israelenses, sem fornecer mais detalhes.
A TV Al-Manar, ligada ao Hezbollah, disse que os subúrbios do sul libanês, conhecidos como Dahiyeh, foram submetidos a um “ato de agressão” e relatou que uma pessoa foi morta e 14 ficaram feridas, mas indicou que o número era preliminar e podia aumentar. Já o Ministério da Saúde libanês diz que três pessoas morreram e 17 ficaram feridas.
Alvo específico
O disparo atingiu um local perto de instalações importantes do Hezbollah, segundo relatos de fontes de segurança no Líbano à Reuters. A agência de notícias AFP foi além ao reportar que uma fonte próxima à milícia libanesa informou que o ataque israelense matou o chefe da unidade de elite do grupo, conhecida como Radwan.
A principal função da unidade Radwan é se infiltrar no território de Israel, com atenção específica à Galileia e ao norte do país. Seus combatentes têm experiência particular em ataques e táticas de pequenas unidades e, de acordo com o Hezbollah, realizam “emboscadas, assassinatos ou operações que exigem infiltração profunda”.
Não está claro, porém, se o principal alvo – Ibrahim Aqeel – morreu. Ele fazia parte do principal órgão militar da organização libanesa, o Conselho da Jihad, e também era procurado pelos Estados Unidos, sob recompensa de US$ 7 milhões, por envolvimento no atentado de 1983 contra fuzileiros navais americanos em Beirute.
Não é a primeira vez que Tel Aviv realiza operações do tipo na capital libanesa. Em janeiro, um ataque aéreo israelense matou Saleh Al-Arouri, vice-chefe da ala militar do Hamas, que estava morando em Beirute. Em julho, um segundo ataque israelense à cidade matou o oficial militar mais graduado do Hezbollah, Fu’ad Shukr.
Escalada nas hostilidades
Iniciado pela guerra de Gaza, o conflito entre Israel e Hezbollah se intensificou significativamente esta semana, depois de um ataque sem precedentes contra a milícia libanesa no qual pagers e walkie-talkies usados por seus membros explodiram, matando 37 pessoas e ferindo mais de 3 mil.
Na quinta-feira à noite, o exército israelense realizou seus ataques aéreos mais intensivos no sul do Líbano desde que o conflito eclodiu, há quase um ano. E nesta sexta, o Hezbollah disparou ao menos 140 foguetes contra o norte de Israel, após uma promessa do líder do grupo, Hassan Nasrallah, de se vingar pelas explosões de pagers.
O Hezbollah afirmou ter utilizado nos ataques os foguetes do tipo Katyusha, desenvolvidos na antiga União Soviética e que são capazes de driblar os sistemas de defesa de Israel.
As FDI afirmaram que os alvos dos foguetes eram áreas das Colinas de Golã, Safed e Alta Galileia, alguns dos quais foram interceptados. Bombeiros foram mobilizados para extinguir incêndios causados por destroços dos dispositivos, destruídos no ar pelo sistema de defesa aérea Domo de Ferro. Os militares não informaram se algum míssil atingiu alvos ou causou mortes.