Israel aprovou nesta quarta-feira, 6, o plano de instalar mais 3.400 colonos judeus na Cisjordânia, em áreas reservadas a assentamentos do governo israelense dentro do território palestino. Cerca de 70% das casas serão construídas a leste de Jerusalém, em Maale Adumim, em resposta a um ataque mortal de militantes palestinos perto da cidade há duas semanas. O restante das residências ficará ao sul de Belém.
Segundo o Ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, um total de 18.515 colonos foram aprovados durante o ano passado.
“Os inimigos tentam nos prejudicar e enfraquecer, mas continuaremos a construir, e a ser construídos, nesta terra”, escreveu ele no X, antigo Twitter.
Resposta dos palestinos
A Autoridade Palestina (AP), órgão reconhecido internacionalmente que governa a Cisjordânia, condenou os planos, que estão no papel desde agosto, alertando que a medida irá arrastar a região para um cenário “explosivo”. Desde que Israel ocupou uma parte da Cisjordânia, após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, o governo plantou lá cerca de 160 assentamentos que abrigam 700 mil judeus. Uma parte da comunidade internacional considera a ocupação ilegal, o que Israel contesta.
O Ministério das Relações Exteriores da Autoridade Palestina, com sede em Ramallah, na Cisjordânia, criticou a fala de Smotrich.
“O acordo é nulo e ilegítimo desde a sua fundação, representando um apelo explícito à continuação da espiral de violência e guerras”, afirmou um comunicado.
O órgão de vigilância israelense Peace Now afirmou ainda que o projeto terá um impacto negativo na negociação de um cessar-fogo entre o grupo terrorista palestino Hamas e Israel, que não registrou avanços nas últimas rodadas.
Críticas de aliados
O ministro das Finanças de Israel apresentou os planos para o assentamento no dia 22 de fevereiro, horas depois de três palestinos terem atirado contra carros perto da estrada de Maale Adumim, o que levou à morte de uma israelense. Após o anúncio, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, surpreendeu a comunidade internacional ao declarar que Washington considera a ocupação da Cisjordânia ilegal – revertendo o posicionamento da administração anterior, do ex-presidente Donald Trump.
“Tem sido uma política de longa data dos EUA, tanto sob administrações republicanas como democratas, que novos colonatos são contraproducentes para alcançar uma paz duradoura”, disse ele a repórteres, durante visita à Argentina. “Também são inconsistentes com o direito internacional. A nossa administração mantém uma firme oposição à expansão dos colonatos. E, na nossa opinião, isso apenas enfraquece – e não fortalece – a segurança de Israel.”