O Irã e os cinco países que permanecem no acordo nuclear multilateral de 2015 se reuniram nesta quarta-feira, 6, em Viena para analisar o cumprimento do tratado. O encontro também definiu detalhes do mecanismo criado pela União Europeia (UE) para possibilitar o comércio com Teerã, após as mais recentes sanções dos Estados Unidos contra a República Islâmica.
Esta é a primeira reunião de representantes de Irã, França, Alemanha, Reino Unido, China e Rússia desde que os países europeus criaram em janeiro um artifício financeiro para evitar os efeitos das sanções americanas.
Este mecanismo, chamado Instex e impulsionado por Alemanha, França e Reino Unido, permitiria às empresas europeias continuar comerciando com o Irã sem violar as sanções.
Segundo o vice-ministro do Exterior do Irã, Abbas Araqchi, que participou do encontro, o Instex deve estar operacional “nas próximas semanas”. A autoridade afirmou esperar que no Ano Novo iraniano, em 20 de março, tudo já esteja funcionando.
Washington, que abandonou o acordo nuclear em maio de 2018, critica estas medidas e exige que os europeus deveriam também suspender o acordo com o Irã, ao considerar a República Islâmica como uma “verdadeira ameaça” para a paz no Oriente Médio.
Ainda assim, na reunião desta quarta, os governos dos seis países definiram os últimos detalhes para colocar o mecanismo em operação e manter o pacto vigente.
Araqchi afirmou que o Instex deverá operar no comércio de todo tipo de mercadoria no futuro, mas disse que inicialmente o mecanismo trabalhará somente para facilitar o envio de ajuda humanitária, a fim de “definir os padrões para fazer negócios com o Irã”.
“Uma vez que os padrões estejam definidos, outros bens, incluindo produtos sancionados – e petróleo, é claro – serão adicionados a esse mecanismo”, acrescentou.
Araqchi, contudo, garantiu que há “um apoio muito grande” ao acordo nuclear entre todos os países que participaram da reunião.
O tratado nuclear prevê uma série de limitações às atividades nucleares do Irã, para evitar que esse país construa uma bomba atômica, em troca de alívios comerciais.
No entanto, estes benefícios foram colocados em dúvida pelas sanções dos Estados Unidos, sobretudo contra o setor petroleiro iraniano.
Manter as vantagens econômicas para o Irã é o grande objetivo dos europeus, que querem evitar o rompimento do acordo e que isso volte a impulsionar o polêmico programa nuclear iraniano.
Em seu relatório mais recente, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou mais uma vez que o Irã continua cumprindo com todas as suas obrigações nucleares do acordo.
(Com EFE)