Irã é expulso de comissão da ONU sobre mulheres por repressão a direitos
Moção apresentada pelos Estados Unidos afirma que a adesão de Teerã ao grupo era uma 'mancha feia' para a credibilidade
![Member countries vote on the removal of Iran from membership in the Commission on the Status of Women during the 5th plenary meeting of the Economic and Social Council at the United Nations headquarters in New York City on December 14, 2022. - The UN voted to remove Iran from a women's rights body over Tehran's brutal crackdown of women-led protests. Twenty-nine members of the UN Economic and Social Council voted to expel the Islamic republic from the UN Commission on the Status of Women. (Photo by Yuki IWAMURA / AFP)](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/12/000_333P2VQ.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
O Irã foi expulso de uma comissão temática das Nações Unidas encarregada de empoderar as mulheres, nesta quarta-feira, 14, durante a quinta reunião plenária do Conselho Econômico e Social (Ecosoc) na sede da organização mundial em Nova York, nos Estados Unidos.
Durante a sessão, 29 dos 54 países votaram a favor de uma moção apresentada pelos Estados Unidos que afirmava que a adesão do Irã à comissão era uma “mancha feia” para a credibilidade do grupo. Teerã só se juntou ao grupo neste ano, meses antes da revolta popular que tomou o país a partir de setembro e que as autoridades iranianas tentam reprimir.
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Ativistas e grupos de direitos humanos afirmam que o papel iraniano na Comissão sobre o Status da Mulher tem sido uma farsa, à medida que surgem relatos de que autoridades iranianas tem espancado e matado mulheres, que tem pedido igualdade de gênero de maneira pacifica. Médicos afirmaram ao jornal britânico The Guardian que as mulheres tem sido alvo principal nos protestos e que as forças de segurança tem atirado em seus rostos, seios e órgãos genitais.
O movimento de protestos no Irã foi desencadeado pela morte de Mahsa Amini, uma mulher curda-iraniana que morreu sob a custódia da polícia moral. Segundo eles, ela foi presa por usar o hijab, lenço iraniano que cobre a cabeça, da maneira errada. Desde então, o país passa pela maior revolta civil desde a Revolução Iraniana de 1979.
As autoridades, como é de praxe no país, responderam com violência e repressão, e espancado e atirando contra os manifestantes. O Irã também impôs bloqueios ao acesso à Internet, para impedir que os protestos se espalhassem e fossem divulgados para a comunidade internacional. Além disso, divulgou 11 sentenças de morte, duas das quais foram executadas para aterrorizar os manifestantes
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A representante dos Estados Unidos nas Nações Unidas disse que ativistas iranianas apelaram ao governo norte-americano para apresentar a resolução que expulsaria o Irã do órgão. Algumas das ativistas estavam presentes durante a votação desta quarta-feira.
“A comissão é o principal órgão da ONU para promover a igualdade de gênero e empoderar as mulheres”, disse a embaixadora Linda Thomas-Greenfield. “Ela não pode fazer seu importante trabalho se estiver sendo minada por dentro. A adesão do Irã neste momento é uma mancha feia na credibilidade da comissão”.
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Antes da votação, Amir Saied Iravani, representante do Irã nas Nações Unidas, rejeitou a resolução e disse que se tratava de uma “política hostil de Washington em relação ao povo iraniano”. O país também fez esforços para reunir o apoio internacional: seus 8 aliados, incluindo Rússia e China, votaram contra a resolução. No entanto, 16 países se abstiveram.
No mês passado, um órgão separado das Nações Unidas, o Conselho de Direitos Humanos, votou pela abertura de uma investigação sobre abusos de direitos humanos no Irã, uma medida que pode aumentar a possibilidade de processos em tribunais internacionais.
Na terça-feira 13, pela primeira vez desde que o Irã iniciou uma repressão aos protestos que tomam o país, o judiciário do país divulgou um número oficial do número de presos por demonstrações contra o regime. Segundo o site Mizan Online, do judiciário, tribunais dentro e ao redor da capital Teerã ordenaram a prisão de 400 manifestantes, com penas de até 10 anos.
Apesar disso, o dado é incompleto. A capital é apenas uma das 31 províncias do país, o que significa que o número total de sentenças de prisão podem ser, estima-se, 7 vezes maior do que o que foi divulgado pelo Mizan Online.
Especialistas em direitos humanos das Nações Unidas afirmam que mais de 14 mil pessoas foram presas em todo o país desde meados de setembro. E o escritório do alto comissário dos direitos humanos da organização diz que mais de 300 pessoas foram mortas na repressão, pelo menos 40 delas eram menores de idade.