O Irã denunciou oficialmente os Estados Unidos nesta sexta-feira, 28, ante o Conselho de Segurança da ONU pela invasão de seu espaço aéreo por um drone americano, na região do Estreito de Ormuz. Teerã determinou que a aeronave fosse abatida. Washington alega que o aparelho sobrevoava águas internacionais.
O abate do drone é mais um episódio da escalada de tensões entre Estados Unidos e Irã desde a retirada americana do acordo nuclear em 2018. Em um ano, o governo Trump restituiu as sanções pré-acordo e aplicou novas em março, além de destinar mais tropas americanas ao Oriente Médio. Como consequência, diversos ataques a navios petroleiros ocorreram no Estreito de Ormuz tendo como principal suspeito o Irã, que alega inocência.
Javad Zariff, ministro das Relações Exteriores do Irã, havia sinalizado em sua conta no Twitter que levaria o caso à ONU. Em 20 de junho, data em que o drone foi abatido, Zariff escreveu: “Levaremos essa nova agressão ante a ONU e mostraremos que os Estados Unidos estão mentindo”.
Em entrevista publicada na mídia estatal iraniana, o vice-ministro das Relações Exteriores, Gholamhossein Dehghani, explicou que a queixa apresentada “estipula que o Irã se reserva o direito de defender seu espaço aéreo e se opor a qualquer violação”.
“O lado americano alega que o drone não entrou no espaço aéreo do nosso país, mas nunca vão conseguir provar porque o drone foi destruído”, acrescentou.
O ataque ao drone
Um drone americano modelo RQ-4A Global Hawk, desarmado e destinado a coletar informações no Estreito de Omã, foi abatido na madrugada de 20 de junho, segundo a mídia estatal iraniana e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
Segundo a Agência de Notícias da República Islâmica (IRNA), o drone, que entrou em águas iranianas de modo furtivo para realizar ações de espionagem, foi abatido às 4h05 da manhã (horário local). Em nota, o Pentágono reconheceu o ataque, mas contesta a alegação de que o equipamento militar teria adentrado o território do Irã. Para o governo americano, o avião estaria “operando em águas internacionais”.
Pela manhã em Washington, o governo americano convocou os principais líderes do Senado e do Congresso para esclarecer o ocorrido, em paralelo, oficiais do alto escalão do governo se reuniram para debater possíveis represálias contra Teerã.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse, no Twitter, que o Irã “cometeu um grande erro”, elevando os temores de que a represália seria por via militar.
Mas Trump conversou com jornalistas enquanto se encontrava com o primeiro ministro canadense, Justin Trudeau. Quando questionado sobre o abate do drone, ele minimizou o ocorrido dizendo que, provavelmente, quem atacou foi um “general ou alguém que errou ao decidir atirar no drone” e que esta pessoa foi “distraída e estúpida” ao fazer isso.
O Irã, por outro lado, se defendeu através do ministro das Relações Exteriores, Javad Zarif. No Twitter, Zarif escreveu as coordenadas de onde o drone fora abatido. Completou a mensagem dizendo que o país não queria guerra, mas que estaria preparado para “defender nosso céu, terra e mar”.
(Com AFP)