Os intensos incêndios florestais na Argélia, Itália e Grécia já deixaram ao menos 40 mortos até esta quarta-feira, 26. As chamas estariam sendo impulsionadas pela forte onda de calor no Mediterrâneo, responsável pelas altas temperaturas na Europa, Estados Unidos e Canadá nas últimas semanas. No território grego, os termômetros devem atingir números superiores a 44°C nos próximos dias.
A situação é particularmente grave na Argélia, que soma 34 vítimas, maior número entre os países do Mediterrâneo. Entre elas estão dez soldados que foram cercados pelo fogo na província de Bugia, epicentro da destruição no país. Segundo a imprensa local, as chamas provocaram 23 mortes na região.
Embora 80% do fogo tenha sido apagado desde domingo, como indicam autoridades argelianas, equipes de emergência, que incluem cerca de 8.000 pessoas, centenas de carros de bombeiros e algumas aeronaves, continuam atuando no local para controlar os incêndios remanescentes.
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Na Tunísia, vizinha da Argélia, as chamas também se alastraram por vilas costeiras, como é o caso de Melloula, onde mais de 300 pessoas foram retiradas de suas casas. Na semana passada, problemas hídricos somaram-se à onda de calor na cidade de Tabarka, impossibilitando a retenção do fogo. A vista para as águas do Mediterrâneo foi tomada, então, por uma densa névoa.
Ao intensificar os alertas, o Ministério da Proteção Civil da Grécia advertiu nesta quarta-feira sobre o “extremo perigo” de incêndios em ao menos seis regiões do país. Na véspera, dois tripulantes, um capitão de 34 anos e um copiloto de 27 anos, foram mortos após a aeronave despencar e explodir na ilha grega de Eubeia. O avião Canadair CL-215 combatia queimadas próximas à cidade de Karystos.
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Uma das maiores ilhas do país, Rodes atrai mais de 1,5 milhão de visitantes estrangeiros nos meses quentes. O intenso incêndio na área provocou, então, a fuga de cerca de 20 mil pessoas que se hospedavam em casas e hotéis da região, que é próxima do litoral turco, no final de semana. A agência de notícias AFP divulgou que, entre domingo e terça-feira, mais de 40 voos de emergência levaram cerca de 50 mil turistas de volta para casa.
Cerca de 2.500 pessoas também foram retiradas de Corfu na segunda-feira. Além dos prejuízos ambientais, as queimadas também pesam no bolso dos gregos, já que 18% da produção econômica do país depende do turismo, sendo responsável por um em cada cinco empregos.
Impactada pela condições extremas, a Itália tem enfrentado tempestades mortais no norte enquanto lida com os incêndios florestais na Sicília. Duas pessoas foram mortas em uma casa destruída pelas chamas em Palermo. Uma idosa de 88 mortos também está entre as vítimas do incêndio na cidade. Em Calábria, um homem de 98 anos foi cercado pelas chamas, e sua filha e genro sofreram queimaduras no resgate.
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Em áreas ao norte, como Lombardia, tempestades de granizo, tornados e ventos fortes de até 110 km/h (70 mph) provocaram a morte de duas pessoas, em um acidente de queda de árvore.
“Vivemos na Itália um dos dias mais complicados das últimas décadas – tempestades, tornados e granizo gigante no norte, e calor escaldante e incêndios devastadores no centro e no sul”, afirmou o ministro da Proteção Civil, Nello Musumeci.
Portugal, Croácia e França não escaparam do forte calor. No parque nacional de Cascais, próximo a Lisboa, centenas de bombeiros foram enviados para apagar um incêndio, que não deixou feridos, na terça-feira. Nos entornos da cidade croata de Dubrovnik, aviões que despejam água contiveram as queimadas em uma floresta, enquanto minas terrestres não detonadas explodiam em resposta às chamas, na segunda-feira. Na ilha francesa de Córsega, ventos intensos de até 130 km/h espalharam o fogo pelo local na madrugada de quarta-feira, ameaçando três aldeias.