Civis, hospitais e escolas foram atacados pelas forças leais ao ditador Bashar Assad em Idlib, na Síria, nas últimas semanas, segundo a ONG Anistia Internacional (AI).
Em um relatório divulgado nesta quinta-feira, 28, a organização denunciou pelo menos seis ataques apenas em março. Pelo menos quatro pessoas morreram, incluindo um menor, e outras quatro ficaram feridas nos bombardeios.
As agressões também causaram o deslocamento de milhares de pessoas para cidades do norte da Síria na fronteira com a Turquia, segundo testemunhas.
Um bombardeio contra uma escola em Sheikh Idriss em 26 de março matou um menino de 10 anos e feriu outras duas crianças, segundo autoridades médicas sírias. Não há alvos militares no entorno do colégio.
Outro ataque em Saraqeb em 9 de março atingiu o Hospital Al-Hayat, um banco de sangue e uma unidade de ambulâncias, obrigando a clínica a fechar suas portas.
“Os atuais ataques em Idlib continuam no mesmo padrão que vimos anteriormente em Alepo, Deraa e nos arredores de Damasco, onde as forças do governo atacaram hospitais, escolas, padarias e pessoal de resgate, não deixando outra opção à população a não ser fugir”, afirmou na nota Lynn Maalouf, diretora de investigação da AI para o Oriente Médio.
A organização destacou que durante as últimas semanas, as forças leais a Assad intensificaram “seus ataques em áreas muito povoadas” situadas em uma das principais estradas que ligam Idlib, perto da fronteira com a Turquia, com outras cidades sírias como a capital, Damasco.
A AI reuniu dezenas de testemunhos de vítimas e vídeos fornecidos por moradores para elaborar seu relatório. A organização também usou imagens de satélite e informações divulgadas pela imprensa.
Idlib é a última grande fortaleza da oposição a Assad no país. Com o aumento da violência em outras áreas do país, muitas pessoas se deslocaram para a província e a população aumentou de 1 milhão para aproximadamente 3 milhões de pessoas desde 2015.
Um acordo de cessar-fogo entre o governo sírio e os rebeldes, apoiado pela Rússia, foi negociado em setembro do ano passado. A trégua, contudo, vem sendo violada desde janeiro.
Derrota do EI
Em 23 de março as forças curdo-árabes apoiadas pelos Estados Unidos conquistaram na Síria o último território controlado pelo Estado Islâmico (EI).
A perda do pouco que restava em seu último reduto significa o fim territorial do EI na Síria, após sua derrota no vizinho Iraque em 2017. Mas comandantes curdos e ocidentais consideram que o combate não chegou ao fim, já que o grupo ainda possui apoiadores espalhados pelos dois países.
Na terça-feira 26, o EI reivindicou um ataque em Manbij (norte) no qual morreram sete combatentes da aliança curda-árabe.
(Com EFE)