Alain Robert, o alpinista que não usa equipamentos e é conhecido como o “Homem-Aranha francês”, escalou nesta segunda-feira, 13, um arranha-céu de 187 metros em Paris para mostrar apoio aos trabalhadores em greve contra os planos de reforma da Previdência do governo de Emmanuel Macron. A altura do prédio equivale à de cinco Cristos Redentores.
Em menos de uma hora de escalada, Robert, de 57 anos, se postou com os braços erguidos no topo do edifício — conhecido como “Torre Total”, sede da multinacional francesa homônima do ramo do petrolífero —, localizado no distrito comercial de La Défense.
“Estava muito frio, eu não sentia mais a ponta dos meus dedos. E eu também não tenho mais o mesmo corpo que tinha há 20 anos”, disse Robert, que não usa nenhum tipo de equipamento de proteção, antes de ser levado pela polícia, reportou o jornal francês Le Parisien.
O francês, que já havia escalado outras oito vezes o edifício, decidiu repetir o feito nesta segunda como uma manifestação contra a reforma da Previdência proposta pelo governo de Macron, que deve ser apresentada ao Congresso a partir do dia 17 de fevereiro.
“As pessoas já passam 40 anos trabalhando para ganhar a vida, geralmente em algo de que não gostam. Queremos continuar vivendo decentemente”, defendeu Robert.
Greve histórica
A França vive onda de protestos e greves contra a reforma da Previdência desde o início de dezembro. A Sociedade Nacional dos Caminhos de Ferro, estatal ferroviária, já perdeu 400 milhões de euros (quase 2 bilhões de reais) em decorrência da paralisação, que é a mais longa desde 1967.
A proposta previdenciária do governo Macron, como apresentada por seu primeiro-ministro, Édouard Philippe, no dia 11 de dezembro, visa a mesclar os 42 regimes de aposentadoria em vigor atualmente na França em um “sistema universal” de pontos.
Philippe se reuniu com líderes das associações sindicais que reivindicam a organização das mobilizações, como a Confederação Geral do Trabalho (CGT) e a Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), na terça-feira 7 e na sexta-feira 10. Nas últimas semanas, o governo fez uma série de concessões a policiais e militares, além de pilotos de aeronaves e controladores de tráfego aéreo, permitindo que eles continuem se aposentando mais cedo.
No sábado 11, o governo aceitou retirar “provisoriamente” uma das medidas mais controversas da reforma: o aumento da idade mínima de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2027. Mas, Philippe condicionou a retirada definitiva desta medida a um acordo sobre “o equilíbrio e o financiamento das aposentadorias”.
Caso contrário, o premiê disse que o governo “adotará por decreto as medidas necessárias para alcançar o equilíbrio até 2027”. A CGT alertou rapidamente que estava “mais decidida do que nunca” a conseguir a retirada total do projeto de reforma, enquanto outra entidade mais moderada, a CFDT, se declarou pronta para continuar negociando após a retirada da idade mínima.
Todos os sindicatos convocaram nova manifestação para quinta-feira, 16 de janeiro.
(Com Reuters e AFP)