Em meio ao conflito entre Israel e o grupo militante palestino Hamas em Gaza, o chefe da Força Quds, uma unidade especial militar do Irã, visitou Beirute em fevereiro para discutir riscos caso Israel avance contra o grupo libanês Hezbollah, disseram sete fontes distintas à agência de notícias Reuters.
Durante o encontro, o líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, reafirmou a Esmail Qaani, chefe da Força Quds, que não gostaria que o Irã, principal patrocinador do grupo libanês, fosse “sugado” para uma guerra com Israel ou Estados Unidos e que o Hezbollah lutaria por conta própria, disseram as fontes à Reuters.
“Esta é a nossa luta”, disse Nasrallah, segundo uma das pessoas ouvidas pela agência. Ao contrário do Líbano, o Irã nunca lutou diretamente em uma guerra contra Israel.
O líder do Hezbollah também presidiu uma reunião no Irã que durou dois dias no início de fevereiro. No encontro, estavam presentes comandantes de milícias de operações no Iêmen, Iraque e Síria, três representantes do Hezbollah e uma delegação Houthi.
“No final, todos os participantes concordaram que Israel queria expandir a guerra e cair nessa armadilha deve ser evitado, pois justificará a presença de mais tropas dos EUA na região”, disse um funcionário iraniano.
No início desta semana, aviões de guerra israelenses atacaram o Líbano pelo segundo dia consecutivo, atingindo prédios no Vale do Bekaa e matando ao menos uma pessoa ligada ao Hezbollah. Uma fonte de segurança libanesa disse à agência de notícias AFP que outras dez pessoas ficaram feridas nos ataques que destruíram completamente um edifício na entrada de Saraaine, uma cidade a cerca de 20 quilômetros ao sul de Baalbek.
Os episódios marcam um recrudescimento do conflito entre o Hezbollah e Israel, que tem sido travado paralelamente à guerra em Gaza, e alimenta receios de um novo conflito em larga escala, a exemplo da guerra de 2006. Ataques israelenses desde outubro mataram mais de 200 combatentes do Hezbollah e cerca de 50 civis no Líbano, enquanto os ataques do Hezbollah contra Israel mataram uma dúzia de soldados israelenses e seis civis.
A escalada na região também mina os esforços diplomáticos dos Estados Unidos e da França, por exemplo, em impedir o avanço do conflito da Faixa de Gaza para outras regiões e costurar um cessar-fogo. A posição de Tel Aviv é que só há duas opções para restaurar a estabilidade na fronteira libanesa: uma solução diplomática que afastaria as forças do Hezbollah da região, a norte do rio Litani; ou uma grande ofensiva militar contra o grupo xiita, que arrastaria mais um país para a guerra.