Hamas diz que negociação por cessar-fogo em Gaza segue travada
Autoridade do grupo palestino contradiz mediadores do Egito, que haviam falado em 'progresso' nas tratativas envolvendo Israel, Hamas e EUA no Cairo
Uma autoridade do grupo palestino Hamas disse nesta segunda-feira, 8, que uma nova rodada de negociações por um cessar-fogo em Gaza não quebrou o impasse com Israel. As informações são da agência de notícias Reuters, e vêm após delegações de Tel Aviv e do grupo palestino viajarem ao Cairo no domingo 7 para tratativas mediadas pelos Estados Unidos e Egito. Anteriormente, autoridades egípcias haviam dito o oposto: que houve progresso na agenda.
“Não há mudança na posição da ocupação e, portanto, não há nada de novo nas conversas do Cairo”, disse à Reuters um representante do Hamas, que pediu para não ser identificado. “Ainda não há progresso”, completou.
Nova rodada de negociações
Israel e o Hamas enviaram delegações ao Egito no domingo, após a chegada, no sábado 6, do chefe da CIA, William Burns, cuja presença sublinhou a crescente pressão dos Estados Unidos por um acordo que libertaria os reféns detidos em Gaza e levaria mais ajuda humanitária aos civis palestinos.
Diversas potências ocidentais manifestaram indignação com o que consideram um número inaceitável de mortes durante a ofensiva militar israelense (mais de 33 mil), que também provocou uma crise humanitária no enclave, colocando a maioria dos seus 2,3 habitantes em risco de fome. Após crescente pressão, Israel anunciou que seus soldados deixariam o sul de Gaza no domingo, citando “motivos táticos”.
Otimismo
Enquanto isso, Israel expressou otimismo cauteloso sobre as últimas negociações. Em Jerusalém, no fim de semana, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, disse que a nova rodada de conversas é o ponto o mais próximo que ambas partes chegaram de um acordo desde a trégua que ocorreu em novembro, que durou uma semana e levou à libertação de dezenas de reféns do Hamas e centenas de prisioneiros palestinos por parte de Tel Aviv.
Além disso, a emissora egípcia Al-Qahera News afirmou nesta segunda-feira que houve progresso nas negociações no Cairo. Segundo a reportagem, ambos os lados fizeram concessões que poderiam abrir caminho para um acordo. Como discutido em rodadas de conversas anteriores, a trégua seria escalonada em três etapas, primeiro com a libertação de todos os reféns israelenses restantes e depois um cessar-fogo de longo prazo.
O Hamas sequestrou 253 pessoas durante ataques contra Israel em 7 de outubro, que desencadearam a guerra. Destes, 129 reféns continuam em Gaza – negociadores falaram que cerca de 40 seriam libertados na primeira fase de um possível acordo com o Hamas.
Impasse
Anteriormente, o Hamas havia dito que a libertação de reféns só seria possível depois de instaurado um cessar-fogo, além do grupo exigir o regresso seguro dos palestinos expulsos do norte de Gaza. As concessões, segundo a Al-Qahera, estariam relacionadas a esses dois pontos.
Mediadores sugeriram que o regresso dos civis deslocados poderia ser monitorado por uma força árabe com a supervisão de destacamentos de segurança israelenses, que seriam posteriormente retirados, de acordo com fontes consultadas pela emissora. No entanto, a delegação do Hamas continua pedindo garantias de que um acordo encerraria a guerra, o que Israel se recusa a fazer.
“O Hamas estava e está disposto a ser mais flexível, mas não há flexibilidade em relação às nossas principais exigências”, alegou o representante do grupo palestino em entrevista à Reuters.
As delegações já deixaram o Cairo e as consultas deverão continuar dentro de 48 horas, reportou a Al-Qahera.