O Hamas orientou os habitantes da Faixa de Gaza a não saírem de suas casas nesta sexta-feira, 13, contrariando o alerta do exército de Israel. Mais cedo, os militares israelenses disseram para toda a população no norte do território fugir para o sul em 24 horas, enquanto se preparam para invasão terrestre que tem potencial para deixar muitos mortos.
Eyad Al-Bozom, porta-voz do Ministério do Interior do Hamas, apelou aos árabes de todo o mundo e especialmente dos países que têm fronteiras com Israel a apoiarem o povo de Gaza.
“Dizemos às pessoas do norte de Gaza e da Cidade de Gaza que permaneçam em suas casas e em seus lugares. Ao realizar massacres contra os civis, a ocupação quer deslocar-nos mais uma vez da nossa terra”, disse ele.
A nova etapa da guerra é iminente. Israel lançou nos últimos seis dias mais bombardeios sobre Gaza do que nos dois meses de conflito em 2014, mobilizou 300 mil reservistas e saturou a fronteira com tanques e aviões caça.
A incursão pode ser um capítulo crucial nos combates entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas, que no sábado lançou o ataque mais sangrento ao país desde a guerra árabe-israelense de 1973. Em Gaza, as ameaças de uma invasão terrestre evocaram imagens da Nakba (“catástrofe”, em árabe), palavra que se refere à guerra iniciada por Israel em 1948, que levou à expropriação em massa de palestinos.
“O deslocamento de 1948 não vai acontecer. Morreremos e não partiremos”, disse Bozom em entrevista coletiva realizada no hospital Shifa, na cidade de Gaza.
Militantes do Hamas mataram mais de 1.300 israelenses em seu ataque no sábado 7, número que vem aumentando conforme autoridades do país descobrem mais corpos. Os constantes ataques aéreos israelenses, em resposta ao levante terrorista, mataram mais de 1.400 pessoas em Gaza desde então, segundo as autoridades locais.
Nesta sexta-feira, o exército israelense enviou um comunicado para a população de Gaza para sua retirada, dizendo que o Hamas usa civis como “escudos humanos”.
“Civis da Cidade de Gaza, fujam para o sul para a sua própria segurança e a segurança das suas famílias e distanciem-se dos terroristas do Hamas, que os usam como escudos humanos”, disse o exército.
“Terroristas do Hamas estão escondidos na Cidade de Gaza dentro de túneis debaixo de casas e dentro de edifícios habitados por civis inocentes de Gaza”, completou
A ordem foi dirigida a 1 milhão de pessoas. Segundo a Human Rights Watch, porém, não há para onde fugir. As estradas estão em escombros, o combustível é escasso e o principal hospital está na zona de onde a população foi ordenada a sair – o hospital Shifa, o maior dos 13 hospitais públicos de Gaza.