‘Há todos os indícios’ de que Rússia irá invadir Ucrânia, diz Biden
Presidente americano acusa Moscou de fabricar pretextos que justifiquem uma invasão ao país vizinho
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta quinta-feira, 17, que agora há “todos os indícios possíveis” de que a Rússia irá invadir a Ucrânia, incluindo sinais de que Moscou está preparando uma operação que serviria como pretexto para justificá-la.
O presidente americano ordenou que seu secretário de Estado, Antony Blinken, mudasse seus planos de viagem no último minuto para falar em uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a Ucrânia.
“A evidência no terreno é que a Rússia está se movendo em direção a uma invasão iminente. Este é um momento crucial”, disse a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, a repórteres.
Nesta quinta, o Exército ucraniano entrou em conflito com separatistas pró-Rússia em uma das linhas de frente, no que, segundo líderes ocidentais, pode ser usado como pretexto para uma eventual ofensiva.
O Kremlin nega que irá invadir o país vizinho e anunciou nesta semana que está retirando tropas próximas à fronteira e da Crimeia, porém não especificou a quantidade de soldados que serão realocados.
O Ocidente segue expressando ceticismo em relação à retirada e afirma ainda não ter visto garantias que indiquem a movimentação. Para o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, o número de soldados russos continua subindo, ao invés de estar diminuindo.
Aliados ocidentais e Washington concordam com a avaliação de Stoltenberg, afirmando que ao invés da retirada de militares, há um envio de mais deles para a região. De acordo com um alto funcionário do governo americano, as forças russas aumentaram em aproximadamente 7.000 o número de soldados na região, elevando para 150.000 o total de militares nas fronteiras.
“Nós os vemos voar em mais aeronaves de combate e apoio. Nós os vemos aguçar sua prontidão no Mar Negro. Nós até os vemos estocando seus suprimentos”, disse o secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, na sede da Otan, em Bruxelas. “Eu já fui um soldado e não faz muito tempo. Posso afirmar em primeira mão que você não faz esse tipo de coisa sem um motivo. E você certamente não faz isso se tiver arrumando suas malas para ir para casa”, completou.
Tanto a Ucrânia quanto os separatistas pró-Rússia deram relatos de bombardeios e conflitos intensos na região de Donbas. Ainda não há detalhes sobre os confrontos, porém ambos os lados sugeriram um incidente mais sério do que os de costume na região.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que as forças pró-Rússia bombardearam um jardim de infância, no que chamou de “grande provocação”. Os separatistas, por sua vez, acusaram as forças do governo de abrir fogo em seu território quatro vezes nas últimas 24 horas.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse estar “extremamente preocupado” com os relatos de uma escalada. Ele já havia alertado que uma concentração de tropas ucranianas perto das linhas de frente de Donbas poderiam soar como provocação.
Kiev, no entanto, negou estar reunindo soldados na região e rebateu afirmando que separatistas russos estão atirando projéteis em vários locais, incluindo jardins de infância e escolas.
O Kremlin é contra a possível adesão de Kiev à aliança militar da Otan e vem alertando que uma confirmação terá consequências graves. Segundo Putin, uma eventual adesão do país vizinho à Otan é uma ameaça não apenas à Rússia, “mas também a todos os países do mundo”. De acordo com ele, uma Ucrânia próxima ao Ocidente pode ocasionar uma guerra para recuperar a Crimeia – território anexado pelo governo russo em 2014 –, levando a um conflito armado.
A aliança, por sua vez, afirma que “a relação com a Ucrânia será decidida pelos 30 aliados e pela própria Ucrânia, mais ninguém” e acusa a Rússia de enviar tanques, artilharia e soldados à fronteira para preparar um ataque.