Guaidó afirma que superestimou apoio de militares dissidentes
Presidente autoproclamado da Venezuela disse a jornal americano que possibilidade de ação militar dos EUA é 'grande notícia'
O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, reconheceu em entrevista ao jornal americano Washington Post que a oposição ao regime ditatorial de Nicolás Maduro superestimou o apoio que tinha nas dissidências chavistas. “Talvez ainda precisamos de mais soldados, e talvez precisemos de mais funcionários do regime dispostos a apoiar a Constituição”, afirmou.
Guaidó também reconheceu “erros” na ação para derrubar Maduro, que se intensificaram desde terça-feira 30. “O fato de termos feito o que fizemos, sem sucesso num primeiro momento, não quer dizer que não foi válido”, diz ele. “Nós estamos confrontando um muro que é a ditadura. Nós reconhecemos nossos erros — o que não fizemos, e o que fizemos demais.”
O líder oposicionista também afirmou que a possibilidade de uma ação militar dos Estados Unidos no país seria uma “grande notícia”. Esta é a defesa mais enfática por uma ação militar feita até o momento pelo autoproclamado presidente venezuelano e vem dias depois de o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, falar que esta opção era possível.
“Essa é uma grande notícia para a Venezuela, porque estamos avaliando todas as opções. É bom saber que aliados importantes, como os EUA, também estão avaliando a opção. Isso nos dá a possibilidade de que, se precisarmos de cooperação, sabemos que podemos obtê-la”, afirmou Guaidó na entrevista.
Perguntado sobre o que faria se o assessor de segurança nacional americano, John Bolton, fizesse uma oferta de intervenção, Guaidó disse que responderia: “Querido amigo, embaixador John Bolton, obrigado por toda a ajuda que você deu a esta causa justa. Obrigado pela opção, vamos avaliá-la, e provavelmente vamos considerá-la no Parlamento para resolver esta crise. Se for necessário, talvez possamos aprová-la.”
Guaidó é presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, que tem maioria oposicionista ao regime de Nicolás Maduro.
Ele disse ainda que sentar-se à mesa para negociar com Maduro não é uma opção. “Isso aconteceu em 2014, em 2016, em 2017. O fim da usurpação é uma precondição para qualquer diálogo possível”, disse.
(Com Estadão Conteúdo)