Greve geral em Israel pressiona Netanyahu por acordo de cessar-fogo em Gaza
Paralisação afetou voos, transporte público, bancos e outros setores; Maior sindicato do país exige libertação dos reféns israelenses nas mãos do Hamas
Depois do maior sindicato de Israel, o Histadrut, convocar uma greve geral para esta segunda-feira, 2, o país amanheceu paralisado. Exigindo que o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, assine um acordo de cessar-fogo em Gaza que inclua a libertação dos reféns israelenses que seguem nas mãos do grupo terrorista Hamas desde outubro do ano passado, serviços municipais em vários distritos foram interrompidos.
Arnon Bar-David, chefe do Histadrut, grupo que representa centenas de milhares de trabalhadores israelenses, convocou a greve no domingo dia 1º, depois que o Exército de Israel recuperou os corpos de seis reféns em um túnel no sul de Gaza. De acordo com estimativas do Ministério da Saúde do país, eles foram mortos a tiros entre 48 e 72 horas antes de serem encontrados.
O episódio desencadeou um choque profundo em Israel. No domingo, ao menos meio milhão de pessoas foram às ruas em Jerusalém e Tel Aviv para protestar contra a lentidão do governo em fechar um acordo de trégua em Gaza.
Ação e reação
O Ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, pleiteou com o Tribunal Trabalhista de Israel para barrar o chamado de greve. A corte definiu que a paralisação deveria terminar às 14h30 do horário local (8h30 em Brasília). No entanto, várias áreas – incluindo fabricantes do setor de alta tecnologia – foram afetadas antes mesmo dos juízes se reunirem pela manhã, e afirmaram que darão seguimento à mobilização até às 18h.
Vários voos foram cancelados no Aeroporto Ben Gurion, o maior de Israel, embora aviões ainda estivessem chegando e aterrissando no país. Várias linhas de ônibus e trens leves foram interrompidas ou passaram a funcionar parcialmente. Trabalhadores em Haifa, o principal porto comercial do país, também aderiram à greve.
Hospitais funcionaram parcialmente, apenas para atendimentos de emergência, e bancos sequer abriram nesta segunda-feira. Algumas empresas do setor privado operaram dentro da normalidade, outras não, já que os donos permitiram que os funcionários participassem da greve.
Pressão cresce
O protesto do domingo e a greve desta segunda ocorrem após meses de pressão crescente dos familiares dos reféns e seus apoiadores, ressaltando a divisão na sociedade israelense em relação à abordagem de Netanyahu nas negociações sobre um cessar-fogo.
Apesar de críticas de seu próprio ministro da Defesa, Yoav Gallant, bem como de generais e oficiais de inteligência, o premiê insiste em manter soldados israelenses em pontos-chave da Faixa de Gaza após qualquer cessar-fogo, um ponto de impasse para o acordo. O Hamas rejeitou qualquer tipo de presença israelense no enclave, e não houve nenhum sinal de avanço nas negociações nas últimas semanas apesar dos esforços dos mediadores.
O Hamas ainda mantém 101 reféns em cativeiro, de um total de 253 pessoas sequestradas quando homens armados invadiram comunidades de Israel na fronteira com Gaza em outubro passado. O ataque matou 1.200 israelenses e estrangeiros e desencadeou uma implacável resposta de Tel Aviv, que devastou o enclave e matou mais de 40.600 palestinos.