O governo de Donald Trump vai anunciar nesta quinta-feira, 29, a flexibilização das regras sobre emissões de metano, um dos principais gases causadores do aquecimento global. A medida favorecerá especialmente as companhias de petróleo e gás, com a redução das obrigatoriedades de inspeção de vazamentos e de medidas para contornar o problema, segundo o jornal The New York Times.
O anúncio será feito pela Agência de Proteção ao Meio Ambiente (EPA, na sigla em inglês). Boa parte da regulação em vigência foi endurecida durante o governo do democrata Barack Obama e tem recebido o apoio das principais companhias de energia do país. Trump igualmente atua para acabar com o incentivo do governo ao desenvolvimento de veículos elétricos e para relaxar as restrições à emissão de mercúrio pelas usinas térmicas a carvão.
Da mesma forma, Trump foi o único governante a dar apoio às políticas conduzidas pelo presidente Jair Bolsonaro sobre a Amazônia. Também foi o único a anunciar a retirada de seu país do Acordo de Paris sobre Mudança Climática, de 2015, sob a alegação de que o aquecimento global não existe.
As Nações Unidas, que organizam em novembro sua Conferência sobre Mudança Climática em Santiago, Chile, reagiram à orientação do governo americano. Segundo o Times, a representante especial sobre energia sustentável, Rachel Kyte, afirmou ser essa medida “extraordinariamente ameaçadora”.
“Justamente no momento em que o trabalho do governo federal deveria ser ajudar as cidades e estados a seguir mais rápido na direção da energia e da economia mais limpas, justamente quando a velocidade e a escala são fatores essenciais, o governo (dos Estados Unidos) está caminhando na direção oposta”, declarou.
Segundo o Wall Street Journal, as novas regras não serão aplicadas imediatamente. A proposta será aberta a comentários públicos e passará por revisões antes de ser adotado, provavelmente no início de 2020.
A própria EPA informa que o metano contribuiu com 10,2% das emissões de gases do efeito estufa decorrentes de atividades humanas nos Estados Unidos em 2017. O gás carbônico foi o campeão, com 82%. O metano é emitido durante a produção e o transporte de carvão, gás natural e petróleo, mas também pela pecuária, algumas atividades agrícolas e os depósitos de lixo orgânico. Os dados da EPA mostram que, desde o início da década de 1990, houve redução gradual dessas emissões até 2017.
Os Estados Unidos são o segundo país em emissões de gases do efeito estufa, segundo as Nações Unidas. A China está em primeiro lugar, mas suas emissões começaram a crescer gradualmente a partir dos anos 1970. No caso dos Estados Unidos, altos níveis de emissões são verificados desde o século XIX.