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Governo indiano é acusado de afronta à democracia: ‘Virou Coreia do Norte’

Partido do primeiro-ministro, o nacionalista Narendra Modi, suspendeu mais de 140 deputados do parlamento, um recorde histórico

Por Da Redação
20 dez 2023, 08h48

O governo da Índia foi acusado nesta quarta-feira, 20, de desrespeitar a democracia, após ter iniciado, no início da semana, a suspensão de deputados da oposição que participaram de uma manifestação no Parlamento. Até agora, 141 deputados, das câmaras baixa e alta, e 11 partidos tiveram suas atividades interrompidas pelo partido governista Bharatiya Janata (BJP), do primeiro-ministro Narendra Modi. 

Embora não seja a primeira vez que o BJP tenha tomado uma iniciativa como essa, o número de políticos afastados supera as marcas anteriores e quebra o recorde da história indiana. Apenas na segunda-feira 18, 78 deputados foram suspensos, o maior contingente em um único dia. Outros podem ser alvo até o final da sessão de inverno, na sexta-feira, 22, mas alguns casos serão decididos pela comissão de privilégios parlamentares.

+ Invasores assustam deputados da Índia em aniversário de atentado

A reação

Em resposta à decisão polêmica, Karti Chidambaram, da oposição, afirmou que o Parlamento indiano “vai virar a assembleia norte-coreana”. O coro foi reforçado pelo presidente do partido Congresso Nacional, Mallikarjun Kharge, que disse que o objetivo do governo era “assustar” quem discorda dos seus planos.

“Infelizmente, temos de começar a escrever obituários para a democracia na Índia”, concordou Shashi Tharoor, um líder do partido, que está entre os suspensos.

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Os deputados da oposição têm apelado ao primeiro-ministro, Narendra Modi, e ao ministro do Interior, Amit Shah, para conversarem com o Legislativo, de forma a tentar resolver o problema. O premiê, por sua vez, acusou a oposição de “palhaçadas” e de não ter a intenção de “fazer um trabalho construtivo”.

+ Suprema Corte da Índia se recusa a legalizar o casamento gay

O que aconteceu

Os congressistas foram acusados de “má conduta grave” e de perturbar a ordem após realizarem ato contra uma invasão, na última quarta-feira 13, do Parlamento. Na ocasião, dois homens penetraram a câmara indiana e espalharam fumaça colorida, na data de aniversário de um atentado contra a casa legislativa, há exatos de 22 anos, que matou 14 pessoas. Os envolvidos, que foram presos, disseram que seu objetivo era demonstrar indignação com as políticas econômicas do governo e a falta de empregos no país.

Na Índia, o desemprego urbano chegou a 6,8% no primeiro trimestre deste ano, enquanto a porcentagem de trabalhadores com empregos de tempo integral na cidade caiu para 48,9%. Ou seja, dos 150 milhões de indianos que compõe a força de trabalho, apenas 73 mil pertenciam à categoria de trabalhadores integrais.

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Muitos dos políticos da oposição protestaram com slogans anti-governo e cartazes, alguns com o rosto de Modi, no Parlamento. O presidente da Câmara disse que tais representações não eram permitidas nas instalações da câmara.

Narendra Modi e democracia

O governo Modi tem sido acusado de atentar contra a democracia desde que chegou ao poder, em 2014. De lá para cá, uma série de congressistas da oposição passou a enfrentar investigações criminais de agências do governo central e investidas que, segundo os políticos, caracterizam como assédio. Em novembro, o deputado da oposição e um maiores críticos de Modi, Mahua Moitra, foi expulso do parlamento.

Vozes dissonantes do premiê alegam que as restrições desta semana seriam uma maneira de calar suas opiniões, com objetivo de, enfim, aprovar todas as medidas desejadas pela atual administração. O BJP já controla uma esmagadora maioria parlamentar para aprovar projetos de lei, sem precisar de políticos do outro lado do espectro.

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