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Governo expulsa 1.500 refugiados de assentamento na Itália

Mais de 400 cabanas foram demolidas por tratores em San Ferdinando; a maioria dos moradores veio da África Subsaariana e são explorados por agricultores

Por Da Redação
6 mar 2019, 16h29
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  • Mais de 1.500 pessoas foram expulsas do campo de refugiados de San Ferdinando, no sul da Itália. Este é o maior despejo em um assentamento desde o estabelecimento de uma política migratória mais rígida, implantada pelo governo de extrema-direita do país.

    “Como prometido, nós saímos das palavras para as ações”, disse Matteo Salvini, ministro do Interior italiano e um dos maiores entusiastas da repressão aos imigrantes. Em outra ocasião, o líder do partido Liga Norte prometeu que iria realocar os desabrigados para centros de recepção do governo, mas muitos deles contaram à imprensa local que estavam buscando abrigo em casas abandonadas no interior.

    Na manhã desta quarta-feira, 6, segundo o jornal The Guardian, quase 1.000 policiais paramilitares cercaram as 400 cabanas em que os imigrantes viviam desde 2010, quando o campo foi fundado na província de Calabria. Conforme as famílias eram conduzidas para fora, carregando seus poucos pertences, tratores demoliam a estrutura do acampamento, que ficou totalmente destruído em poucas horas.

    Em fevereiro, o prefeito de San Ferdinando, Andrea Tripodi, se mostrou favorável ao fim do assentamento, afirmando que as condições de higiene representavam um risco à saúde dos imigrantes e que o local era vulnerável a fogo. No último ano, quatro pessoas morreram em incêndios no campo de San Ferdinando.

     

     

    A maioria dos antigos moradores do campo vieram da África Subsaariana e trabalham ilegalmente como lavradores nas fazendas próximas, recebendo salários abusivos. Empregar imigrantes é uma tendência crescente na Sicília, não apenas entre os fazendeiros mas para os recrutadores que angariam homens e mulheres para os donos das terras. Alguns dos imigrantes expulsos dos campos disseram receber 2 euros por hora de trabalho, enquanto o mínimo exigido por lei é de 7,50 euros.

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    Ao Guardian, a União Italiana de Fazendeiros (UILA) contou que 36% dos funcionários do setor agrícola do país são estrangeiros, a maioria deles da África. Leis aprovadas em 2017 preveem até oito anos de prisão para aqueles que recrutam e exploram a mão de obra migrante, mas os sindicatos estimam que mais de 300.000 trabalhadores ilegais continuam a dar bilhões de euros em lucro para a agricultura italiana.

    De acordo com ativistas, mais de uma dúzia de campos de refugiados foram demolidos na Itália nos últimos quatro anos. Em março de 2017, as autoridades do país destruíram o maior campo de trabalho para imigrantes na Europa, o Rignano Garganico, que abrigava 3.000 trabalhadores em Puglia. Um ano depois, tratores demoliram um campo em Nardò, na região de Salento, que servia de moradia para 100 imigrantes.

    Dois meses depois, a vila clandestina de Borreano, em Basilicata, que também abrigava centenas de trabalhadores africanos, foi demolida. E em maio de 2018, o campo de Campobello di Mazara, na Sicília, também foi desativado por autoridades, que culparam a falta de saneamento e tratamento de esgoto pela desocupação, em uma área sem chuveiros, vasos sanitários ou eletricidade.

    Grupos de ajuda humanitária condenam a decisão das autoridades, afirmando que a demolição irá aumentar o número de pessoas sem-teto e piorar a instabilidade social. Ainda de acordo com Celeste Logiacco, líder do sindicato de agricultores Flai-CGIL, o campo abrigava pelo menos 200 mulheres, muitas delas vítimas de tráfico sexual. “Apenas espero que elas encontrem um lugar seguro. Elas são mulheres vulneráveis que precisam de ajuda e apoio”.

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