A Espanha rejeitou a oferta feita pelo grupo separatista basco ETA para negociar o encerramento total de suas atividades. O ministro do Interior, Jorge Fernandez Dias, disse que a Espanha não negociará com uma “organização terrorista” e exigiu que o ETA anuncie sua “dissolução incondicional”.
“Nós não negociamos nem vamos negociar com uma organização terrorista, e o único comunicado que o governo exige – não pede, mas exige e trabalha para isso – é a dissolução incondicional”, ressaltou o ministro.
O porta-voz do partido União, Progresso e Democracia (UPyD) no País Basco, Gorka Maneiro, classificou o comunicado da ETA como “uma chantagem inaceitável própria de grupos totalitários”.
A presidente da Associação de Vítimas do Terrorismo (AVT), Ángeles Pedraza, disse por meio de sua conta no Twitter que “não há nada a ser negociado com terroristas assassinos”.
O ETA anunciou em outubro de 2011 o fim de sua atividade armada, após mais de 40 anos de ações terroristas. No entanto, o grupo já havia feito anúncios semelhantes anteriormente, sem cumprir sua promessa. Em 2006, anunciou um cessar-fogo permanente, mas no final do mesmo ano explodiu um carro-bomba em Madri, em um ataque que deixou dois mortos. Em agosto de 2009, o grupo declarou mais uma vez o fim das atividades terroristas, mas realizou um ataque contra um policial francês em março de 2010.
Histórico – Ao longo dessas mais de quatro décadas, as ações do grupo causaram mais de 800 mortes. A justificativa do ETA é a luta pela independência de um território de 20.000 km2 na fronteira entre Espanha e França, com população de cerca de 2 milhões de habitantes. O ETA ficou enfraquecido nos últimos anos devido principalmente ao crescente número de integrantes presos e à descoberta de esconderijos de armas.
Depois de outubro, o grupo tentou algumas vezes negociar com o governo, tendo como principal objetivo encontrar uma saída para seus integrantes presos. Na nova tentativa, o grupo terrorista havia apresentado como condição para o fim de suas atividades a transferência de integrantes presos para a região basca.
Financiado por sequestros, roubos e extorsão, o ETA atua por meio de atentados à bomba e assassinatos. O grupo já atacou áreas turísticas, porém, seus principais alvos são as autoridades e forças de segurança espanholas e francesas. O primeiro-ministro Carrero Blanco foi alvo do grupo em Madri, em 1973.