O presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, aceitou nesta quarta-feira, 5, a renúncia do primeiro-ministro, Askar Mamin, após os maiores protestos em décadas no país, que deixaram ao menos 100 feridos e mais de 200 presos. Na prática, a renúncia do premiê significa a queda de todo o governo.
“Os membros do governo continuarão a exercer as suas funções até à formação da sua nova composição”, informou o gabinete em comunicado.
Além de substituir o premiê e seu gabinete, Tokayev também nomeou um novo vice-chefe do Comitê de Segurança Nacional, que substitui Samat Abish, sobrinho do poderoso ex-presidente e líder fundador do país, Nursultan Nazarbayev.
Nazarbayev governou o Cazaquistão desde 1989, e mantém o controle do país como presidente do conselho de segurança e “Líder da Nação”.
As manifestações públicas de insatisfação contra o aumento do preço dos combustíveis eclodiram durante o fim de semana na cidade de Zhanaozen, na região oeste do país, área de forte exploração de petróleo, e desde então, as demonstrações se espalharam por várias cidades, incluindo a capital, Nursultan.
Na noite de terça-feira, a polícia usou gás lacrimogêneo de granadas de efeito moral para tentar retirar os manifestantes da praça principal de Almaty, a maior cidade da ex-república soviética.
Mesmo com a renúncia do gabinete nesta quarta-feira, confrontos continuaram na cidade. Um correspondente da agência Reuters relatou que milhares de manifestantes seguiam para o centro de Almaty, alguns deles em um caminhão, após forças da segurança não conseguirem dispersá-los com gás lacrimogêneo.
#Kazakhstan 🇰🇿: sight of mass protests in #Almaty.#Zhanaozen2022 pic.twitter.com/w7DbxwxiV6
— Thomas van Linge (@ThomasVLinge) January 4, 2022
Na terça-feira, Tokayev afirmou que preços de combustíveis iriam sofrer reduções nos próximos dias, mas que mas que novos cortes são impossíveis devido aos custos de produção.
“As forças policiais foram instruídas para manter a ordem pública. Os manifestantes devem mostrar responsabilidade e vontade de dialogar”, afirmou Tokayev.
Segundo relatos da imprensa independente, as autoridades cortaram a internet em várias áreas do país, bloqueando ainda sites de notícias. Também detiveram repórteres enviados para as manifestações.