A busca de um acordo alternativo para a saída menos caótica do Reino Unido da União Europeia ganhou um novo obstáculo no Parlamento britânico nesta quinta-feira, 4: uma goteira. A Câmara dos Comuns suspendeu a sessão prevista para esta jornada por causa dos danos provocados pela água que escorrera do teto do plenário.
Por causa da goteira, a Câmara dos Comuns permanecerá fechada até segunda-feira, 8, quando está previsto o reinício das atividades habituais. Se não aprovar um novo plano até 12 de abril, o Brexit começará a valer, sem acordo com os europeus nem as medidas necessárias para reduzir seu impacto negativo no país.
Coube ao vice-presidente da Câmara, Lindsay Hoyle, cancelar o debate desta quinta, que se concentraria na questão dos impostos a serem adotados pelo Reino Unido “independente”.
Em sua conta no Twitter, o Parlamento afirmou que tomou medidas “urgentes” para resolver o problema e que, depois de isolar a goteira, a equipe de manutenção entrou em cena para avaliar os danos. “Queremos esclarecer que não foi um vazamento de águas residuais”, especificou.
Vários deputados ironizaram sobre o assunto nas redes sociais, como o trabalhista Justin Madders, que escreveu em sua conta no Twitter que “o Parlamento realmente está danificado”. A conservadora Julia Lopez questionou se a goteira seria “uma inundação bíblica” para remover todos os parlamentares.
O caso curioso acontece em um momento de impasse evidente entre os parlamentares em relação a como o Brexit deve se dar. Em três votações, a maioria deles rejeitou o tratado de retirada negociado dom os europeus pela primeira-ministra britânica, Theresa May. Os legisladores também fracassaram em suas tentativas de ver aprovada uma proposta alternativa à do governo.
A dificuldade de compor maioria em torno de um novo plano deixa os cidadãos britânicos perplexos. Os parlamentares recusaram a permanência do Reino Unido na união aduaneira europeia, a extensão em dois anos para o início do Brexit, o controle total do Parlamento sobre o processo e té mesmo a possibilidade de saída sem acordo.
O plano alternativo que chegou mais perto da aprovação mantinha o mercado único entre Reino Unido e União Europeia e previa um novo referendo sobre a filiação britânica ao bloco. Mas foi derrotado por apenas três votos de diferença na última segunda-feira 1.
Na ocasião, o líder da oposição, Jeremy Corbyn, declarou que esperava novas votações na quarta-feira 3. Mas foi pego de surpresa quando, no dia seguinte, May manifestou interesse em se reunir com o trabalhista para planejar um novo acordo. A premiê afirmou que pedirá mais um adiamento do Brexit em reunião com o Conselho Europeu na próxima semana, para ter tempo hábil para as negociações.
As propostas de adiamento de curto prazo, aliás, foram as únicas aprovadas pelo Parlamento nos últimos meses. No dia 14 de março, os legisladores aprovaram a extensão do início do Brexit de 29 de março para 12 de abril por 412 a 202 votos. Na última quarta-feira 3, concordaram com uma legislação que obriga May a buscar mais uma extensão para o Brexit.
(Com Agência Efe)