G7 se compromete a ‘descarbonizar’ setor elétrico até 2035
Grupo prometeu ainda a "acabar com o apoio público direto a projetos sem mitigação no setor de energia fóssil"
O G7, grupo que reúne as maiores economias do mundo, concordou nesta sexta-feira, 27, em “descarbonizar predominantemente” os setores de eletricidade até 2035. A meta, de acordo com especialistas, pode ser um passo importante para evitar grandes mudanças climáticas.
Os ministros do clima, energia e meio ambiente do G7 redigiram um documento de 40 páginas após reunião em Berlim, na Alemanha. O texto também se compromete com uma eventual eliminação da geração de energia a carvão, embora sem data estipulada.
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A decisão sobre a descarbonização, no entanto, deixa margem para que os países continuem a usar combustíveis fósseis se os seus gases de efeito estufa forem “abatidos”, ou seja, quando forem “capturados” ou “sequestrados”. A tecnologia atual não consegue capturar 100% dos gases de efeito estufa emitidos pela queima de combustíveis fósseis.
O grupo, que tem como membros Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Reino Unido, Itália e Japão, além da União Europeia, normalmente leva suas discussões sobre o clima para os encontros do G20, que juntos produzem 80% das emissões mundiais de gases de efeito estufa.
A decisão desta sexta-feira foi tomada tendo como pano de fundo a guerra na Ucrânia, que acelerou a discussão para a transição para fontes de energias mais limpas. O documento instou ainda os países a bloquear os subsídios aos combustíveis fósseis destinados a resistir aos impactos do conflito.
“Em vista do ataque russo à Ucrânia, o apoio financeiro a empresas e cidadãos afetados pelo forte aumento dos preços dos combustíveis fósseis está agora na agenda política de vários países. No entanto, pretendemos que essas medidas sejam temporárias e direcionadas e reafirmamos nosso compromisso com a eliminação de subsídios ineficientes a combustíveis fósseis até 2025”, disse o grupo em comunicado.
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O ministro alemão de Assuntos Econômicos e Ação Climática, Robert Habeck, disse em entrevista coletiva após a reunião que a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera significa que o mundo não pode conter o aquecimento global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. Esse é o limite imposto pelos cientistas para evitar o agravamento das mudanças climáticas e levar os ecossistemas cruciais a pontos de inflexão.
De acordo com Phil MacDonald, diretor de operações do grupo de pesquisa de clima e energia Ember, em fala à rede CNN, a decisão “mudou o jogo para a transição global da eletricidade”.
“A ciência mostra que a descarbonização da eletricidade até 2035 é a maneira mais rápida e barata de zerar as emissões de carbono”, disse, acelerando as projeções das nações desenvolvidas, que normalmente visam zerar emissões líquidas até 2050.