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Fugitivo mais procurado pelo genocídio em Ruanda é preso na África do Sul

Fulgence Kayishema é acusado de orquestrar um massacre de mais de 2 mil refugiados tutsis dentro de uma igreja

Por Da Redação
25 Maio 2023, 10h41
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  • O fugitivo mais procurado pelo genocídio de Ruanda, em 1994, foi preso em Paarl, na África do Sul, nesta quinta-feira, 25, depois de décadas foragido. Fulgence Kayishema é acusado de orquestrar o assassinato de mais de 2 mil refugiados tutsis na Igreja Católica de Nyange.

    Ao longo do tempo em que ficou foragido, Kayishema usou várias identidades e documentos forjados para evitar a detecção.

    Uma operação conjunta entre as autoridades sul-africanas e investigadores das Nações Unidas capturou Kayishema nesta quinra-feira, que inicialmente negou sua identidade. Porém, após algumas horas, ele admitiu às autoridades que estava “esperando há muito tempo para ser preso”.

    De acordo com o Ministério Público sul-africano, a investigação acompanhou exaustivamente familiares e associados do procurado, o que levou à identificação do local onde ele estava escondido.

    Nos últimos anos, Serge Brammertz, procurador-chefe do Mecanismo Residual Internacional para Tribunais Criminais (IRMCT) das Nações Unidas, reclamou da falta de cooperação das autoridades sul-africanas. Houve uma série de quase acidentes na captura de Kayishema – uma operação para prender Kayishema em 2020 falhou –, mas desta vez elogiou os agentes.

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    “Fulgence Kayishema foi fugitivo por mais de 20 anos. Sua prisão garante que ele finalmente enfrentará a justiça por seus supostos crimes”, disse Brammertz. “O genocídio é o crime mais grave conhecido pela humanidade. A comunidade internacional se comprometeu a garantir que seus perpetradores sejam processados e punidos. Essa prisão é uma demonstração tangível de que esse compromisso não desaparece e que a justiça será feita, não importa quanto tempo demore.”

    O massacre em Nyanga, Ruanda, foi um dos eventos mais brutais do genocídio, no qual cerca de 800 mil tutsis e hutus moderados foram mortos em um período de 90 dias. O tribunal alega que Kayishema participou diretamente do “planejamento e execução deste massacre”.

    A acusação diz que ele comprou e distribuiu gasolina para incendiar a igreja enquanto os refugiados estavam lá dentro. Kayishema e outros também são acusados de usar uma escavadeira para derrubar a igreja após o incêndio, enquanto os sobreviventes ainda estavam no local. O ex-padre da igreja, Athanase Seromba, foi condenado pelo massacre em 2006 e sentenciado a 15 anos de prisão, pena que mais tarde foi aumentada para prisão perpétua.

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    Durante o genocídio, milícias hutus e civis assassinaram membros da minoria étnica tutsi, incluindo mulheres e crianças, que muitas vezes eram seus vizinhos antes do conflito. As mortes só chegaram ao fim depois de 100 dias, quando soldados da Frente Patriótica de Ruanda (RPF), lideradas por Paul Kagame, derrotaram os rebeldes hutus e assumiram o controle do país.

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    Em 1994, após o fim do genocídio, Kayishema fugiu para a República Democrática do Congo com sua esposa, filhos e cunhado. Depois de passar por outros países africanos, fugiu para a África do Sul em 1999 e pediu asilo na Cidade do Cabo, usando um nome falso.

    De acordo com os promotores, desde sua chegada à África do Sul, ele contou com uma forte rede de apoio, incluindo ex-militares ruandeses, que fizeram de tudo para esconder seu paradeiro. Kayishema deve ser  indiciado nesta sexta-feira, 26, em um tribunal da Cidade do Cabo.

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    Agora, as Nações Unidas continuam as buscas por mais três suspeitos proeminentes. Uma recompensa de até $ 5 milhões (R$ 24,9 milhões), foi oferecida pelo Programa de Recompensas por Crimes de Guerra dos Estados Unidos por informações sobre outros procurados pelo genocídio de Ruanda.

    Em 2020, outro suspeito foi capturado em um subúrbio de Paris, após mais de 20 anos em fuga. Félicien Kabuga, considerado “um dos fugitivos mais procurados do mundo”, teria sido um dos protagonistas do genocídio e foi detido numa operação conjunta com as autoridades da França.

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