Um grupo de freiras que saiu da Igreja Católica denunciou ter sido “por anos” alvo de abusos sexuais de padres no Chile. Segundo as religiosas, os abusos foram ignorados pelas autoridades eclesiásticas na congregação “Irmãs do Bom Samaritano”, na região de Maule, conforme informações divulgadas por um canal local.
Em declarações ao programa Informe Especial, exibido na terça-feira (24) no canal estatal TVN, as religiosas asseguraram que também foram exploradas pelos padres em suas atividades no convento. Depois de terem denunciado os crimes, elas foram punidas e expulsas da congregação sem qualquer compensação.
Yolanda Tondreaux, uma das freiras, disse ao programa que foi beijada e acariciada por um padre, assim como outras integrantes do convento. Ela faz parte de um grupo de 23 freiras expulsas da congregação, sem ressarcimento econômico, por ter feito a denúncia de abusos.
O programa também exibiu o relato de outras duas religiosas, Eliana Macías e Consuelo Gómez. Elas disseram ter conversado em janeiro com o arcebispo de Malta, Charles Scicluna, enviado pelo papa Francisco para ouvir vítimas de abusos da Igreja. Mas afirmaram que, até o momento, não receberam resposta oficial sobre suas denúncias.
A visita de Scicluna, que se repetiu em junho, marcou uma mudança na atitude do pontífice frente aos abusos no Chile e iniciou um período de renovação na Igreja Católica no país. O papa aceitou a renúncia de cinco bispos envolvidos no acobertamento dos casos de abusos por parte de sacerdotes.
O Ministério Público do Chile informou ontem que 158 pessoas da Igreja Católica são investigados como autoras ou cúmplices de abusos sexuais contra menores e adultos ao longo de quase seis décadas. No total, foram identificadas 266 vítimas, sendo 178 menores de idade no momento do crime. Entre os investigados está o cardeal Ricardo Ezzati, arcebispo de Santiago, que foi chamado para depor em 21 de agosto.
(Com EFE)