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França: protesto de hoje contra o governo mergulha país no caos

No fim do dia o saldo foi de 64 feridos e 205 detidos em todo o país, segundo a polícia. No coração de Paris, a cena era de guerrilha urbana

Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2020, 20h01 - Publicado em 1 dez 2018, 17h38

Cerca de 75 mil pessoas participaram neste sábado dos protestos dos “coletes amarelos”, franceses que se manifestam contra as políticas fiscal e social do governo de Emmanuel Macron. As manifestações resultaram em confrontos violentos entre “agitadores” e as forças de segurança, principalmente em Paris.

O movimento, de classes menos favorecidas e que sacode a França há duas semanas, também provocou distúrbios em outras províncias. No fim do dia de hoje, o saldo foi de 64 feridos e 205 detidos em todo o país, segundo a polícia.

No coração de Paris, a cena era de guerrilha urbana, com homens encapuzados erguendo barricadas, queimando veículos, quebrando vitrines e lançando objetos contra policiais em bairros luxuosos e turísticos da capital francesa.

A avenida Champs-Elysées foi alvo do caos e o Arco do Triunfo sofreu pichações e foi tomado por manifestantes. Nas avenidas vizinhas, havia barricadas em chamas, algumas formadas por carros virados e incendiados, sob uma nuvem de gás lacrimogêneo.

O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, disse que estava “abalado” pela violência em Paris, e as forças de segurança continuavam lidando com “agitadores” sem coletes em diferentes áreas da capital no começo da noite.

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Incidentes e focos de violência paralelos à manifestações dos coletes amarelos também ocorreram em outras cidades francesas, entre elas Lille, Charleville-Mézières, Estrasburgo, Toulouse e Nantes, onde 50 manifestantes invadiram o aeroporto local.

Este é o terceiro dia de protestos na França, após os de 17 e 24 de novembro. Em Paris, os confrontos começaram depois do meio-dia em torno do Arco do Triunfo entre policiais e manifestantes — alguns deles encapuzados.

O líder da França Insubmissa (LFI, esquerda radical), Jean-Luc Mélenchon, denunciou a “crueldade incrível contra manifestantes pacíficos no Arco do Triunfo”, e acusou o governo de “instigar o medo”.

Cerca de 5 mil agentes foram mobilizados na capital, onde também se manifestaram milhares de pessoas convocadas pelo sindicato CGT em favor do emprego, e estudantes.

Desde o surgimento das primeiras manifestações dos “coletes amarelos”, em meados de novembro, o governo tem lutado para responder às demandas do movimento, nascido nas redes sociais, fora de qualquer estrutura política ou sindical.

Na última sexta-feira, uma reunião de consulta com o primeiro-ministro fracassou: apenas dois coletes amarelos participaram, e um deles rapidamente deixou o local, por não ter conseguido que a reunião fosse transmitida ao vivo.

Quanto aos anúncios feitos esta semana por Emmanuel Macron – um dispositivo para limitar o impacto dos impostos sobre o combustível e uma “grande consulta” – eles irritaram mais do que convenceram. “Puro blá-blá-blá”, reagiram vários manifestantes, alguns dos quais acampados em estradas ou rotatórias. “Precisamos de medidas concretas, não de fumaça”, resumiu Yoann Allard, um trabalhador rural de 30 anos.

Com o apoio de mais de dois terços dos franceses, e depois do sucesso de uma petição “por uma queda dos preços dos combustíveis nas bombas”, que ultrapassou 1 milhão de assinaturas, o movimento continua sua trajetória, 15 dias após seu lançamento. Autoridades observam atentamente a magnitude desta nova mobilização.

Recentemente, o movimento começou a avançar para além das fronteiras da França: dois veículos policiais foram queimados na última sexta-feira à noite em Bruxelas, no final de um protesto de cerca de 300 coletes amarelos, o primeiro organizado na capital belga.

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Com AFP

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