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Mulher de presidenciável favorito na França teve cargo fantasma

Penelope Fillon, esposa do ex-primeiro-ministro François Fillon, teria recebido 500.000 euros dos cofres públicos como funcionária fantasma

Por Da redação
Atualizado em 31 jan 2017, 20h23 - Publicado em 25 jan 2017, 12h18
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  • A mulher de François Fillon, ex-primeiro-ministro conservador e favorito para a vencer as eleições presidenciais de maio na França, teve durante quase uma década um emprego fantasma de assistente parlamentar do próprio marido e embolsou 500.000 euros (equivalente a 1,7 milhão de reais) dos cofres públicos sem trabalhar, denunciou nesta quarta-feira o jornal Le Canard Enchaîné.

    Penelope Fillon foi contratada entre 1998 e 2002 como colaboradora do marido, então deputado, mas não tinha nenhuma função na Assembleia Nacional, de acordo com o jornal. O salário da esposa do candidato pelo partido Os Republicanos, liderado pelo ex-presidente Nicolas Sarkozy, foi de 3.900 euros (cerca de 13.000 reais) até 2001. No ano seguinte, o valor subiu para 4.600 euros (pouco mais de 15.500 reais).

    Na França, os parlamentares têm uma cota de mais de 9.000 euros (30.600 reais) para contratar até cinco pessoas como existentes. Empregar familiares não é ilegal no país.

    Em maio de 2002, quando Jacques Chirac assumiu a presidência, Fillon foi nomeado ministro de Assuntos Especiais. Penelope foi mais uma vez contratada na Assembleia Nacional, desta vez pelo deputado que assumiu a cadeira do novo ministro, Marc Joulaud.

    O contrato, em período integral, rendeu a Penelope 6.900 euros (23.500 reais) por mês até 2006, quando o valor foi reajustado para 7.900 euros (quase 27.000 reais). O Le Canard Enchaîné afirmou que, na época, a esposa de Fillon atuava como dona de casa e não aparecia na sede do Legislativo para trabalhar.

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    A missão de Penelope com Joulaud terminou quando François Fillon foi nomeado primeiro-ministro em maio de 2007 por Sarkozy.

    Em 2012, quando o atual presidente do país, François Hollande, chegou ao poder, Fillon deixou o governo e venceu mais uma vez a eleição para deputado. Penelope também voltou à Assembleia Nacional como assistente do ex-premiê recebendo 4.600 euros por mês (pouco mais de 15.500 reais).

    Penelope também atuou, entre 2012 e 2013, na revista mensal Revue dês deux mondes, do empresário Marc Ladreit de Lacharrière, amigo de Fillon. Pelo trabalho, ela recebeu 100.000 euros (mais de 340.000 reais), de acordo com o Le Canard Enchaîné sem que o diretor da publicação chegasse a conhecê-la.

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    Outro lado

    Durante uma viagem a Bordeaux, no sudoeste da França, Fillon disse estar “escandalizado” com a publicação da denúncia e acusou o semanário de querer prejudicá-lo politicamente.

    “Como é que minha esposa não tem direito a trabalhar?”, questionou retoricamente o ex-primeiro-ministro, antes de citar os comentários satíricos do Le Canard Enchaîné sobre Penelope, que foi descrita como uma “dona de casa exemplar”, “conhecida por seus talentos como jurada nos concursos de tortas de pera” e pela “assiduidade na missa”.

    O líder das pesquisas para ocupar o Palácio do Eliseu questionou o tom irônico e destacou que “todas as feministas gritariam” se um político dissesse isso de uma mulher. “Foi aberta a sequência das bombas fétidas”, concluiu.

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    Em uma primeira reação à denúncia, o deputado Philippe Vigier, porta-voz de Fillon, reiterou que a contratação de um familiar por um parlamentar não é algo considerado ilegal no país. Além disso, ele lembrou que 10% dos deputados têm parentes como assistentes e que o contrato de Penelope foi verificado pela assembleia.

    Para Vigier, a denúncia é uma “bomba fétida” para atrapalhar a candidatura de Fillon à presidência.

    (Com EFE)

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