A França enfrenta o segundo dia de caos nos transportes e escassez de funcionários em escolas e hospitais nesta sexta-feira, 6. Os sindicatos afirmam que não afrouxarão a greve contra a reforma previdenciária de Emmanuel Macron até o presidente recuar da proposta.
Grande parte da França parou na quinta-feira, 5, quando funcionários dos sistemas de transporte entraram em greve acompanhados de professores, médicos, policiais, bombeiros e outros servidos públicos. Gás lacrimogêneo se espalhou pelas ruas de Paris e Nantes à medida que os protestos se tornaram violentos. Foram registradas manifestações em mais 70 cidades.
A greve opõe Macron, um ex-banqueiro de investimento de 41 anos que tomou posse em 2017 prometendo abrir a economia altamente regulada da França, e centrais sindicais poderosas que dizem que ele está determinado a desmantelar as garantias trabalhistas do país.
Trens com destino a Paris foram cancelados no horário de pico nesta sexta-feira, e 10 de 16 linhas de metrô foram fechadas, enquanto outras ofereciam serviços limitados. Como os usuários do transporte interurbano recorreram aos seus carros, congestionamentos de 350 quilômetros entupiram as ruas dentro e ao redor da capital, de acordo com o aplicativo de trânsito Styadin.
Os ferroviários prorrogaram sua greve nesta sexta-feira, e sindicatos da RATP, a operadora de ônibus e metrô de Paris, disseram que sua paralisação continuará até segunda-feira, 9.
“Protestaremos durante uma semana ao menos, e no final desta semana é o governo quem recuará”, disse Patrick Dos Santos, funcionário do transporte de Paris de 50 anos.
A companhia Air France cancelou pelo segundo dia consecutivo 30% dos voos domésticos e 10% dos voos de média distância. O Eurostar, trem que cruza o Canal da Mancha, também deve ter viagens canceladas.
Os jornais de tiragem nacional não conseguiram publicar suas edições impressas e sete das oito refinarias do país estão em greve, o que aumenta o risco de falta de combustível se a mobilização continuar por mais dias.
A Torre Eiffel, um dos monumentos mais populares de Paris, foi reaberta nesta sexta após permanecer o dia inteiro fechada na quinta.
As principais centrais sindicais se reuniram na manhã desta sexta-feira para decidir as próximas ações.
O resultado depende de quem cede primeiro – os sindicatos, que correm o risco de perder o apoio público se os transtornos durarem muito, ou o presidente, cujos dois anos e meio no cargo vêm sendo abalados por ondas de tumultos sociais.
O ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, disse que uma reforma profunda é necessária para tornar o generoso sistema de pensões sustentável. Menos professores devem fazer greve nesta sexta-feira, estimou ele.
Macron quer simplificar o sistema de pensões atual, que comporta mais de 40 planos diferentes. Ferroviários e marinheiros, por exemplo, se aposentam até uma década mais cedo do que a média dos trabalhadores. Ele diz que o sistema é injusto e caro demais e que os franceses terão que trabalhar mais tempo.
De acordo com uma pesquisa, 62% dos franceses apoiam a greve e 75% criticam a política econômica e social do governo Macron.
(Com Reuters e AFP)