Apesar da disputa armamentista entre Rússia e Estados Unidos na guerra na Ucrânia, a França tem se despontado como uma possível potência bélica. Segundo uma análise do Stockholm International Peace Research Institute (Sipri), divulgada nesta segunda-feira, 13, o país pode assumir o segundo lugar como maior exportador de armas na próxima década, ultrapassando os rivais russos.
Com Índia, Catar e Egito como maiores compradores, a França apresentou um crescimento de 44% nas exportações globais da indústria bélica entre 2018 e 2022. Em contrapartida, a Rússia teve uma queda significativa de 31% nos últimos três anos. A redução só não foi ainda maior por causa da venda de armas para a China e o Egito, de acordo com o instituto.
No momento, a autossuficiência da China, sua aliada no conflito, e o isolamento da Rússia no Ocidente, provocado pela invasão à Ucrânia, agravam o cenário para o país. O relatório indica, ainda, que o Egito cancelou um pedido expressivo de aeronaves de combate russas no ano passado, supostamente em decorrência da pressão exercida pelos Estados Unidos.
+ Reservistas russos estão usando pás para lutar, diz inteligência britânica
Os russos ocupam o segundo lugar na exportação mundial de armas há cerca de três décadas, com aviões e helicópteros de combate entre os itens mais vendidos. A guerra na Ucrânia dificulta a exportação, já que a Rússia tem priorizado a produção de armamento para uso interno.
“O baixo volume de entregas pendentes de grandes armas da Rússia indica que suas exportações de armas provavelmente continuarão caindo nos próximos anos”, afirmam os relatores do estudo.
Para Pieter Wezeman, pesquisador sênior do Sipri e um dos autores do relatório, o interesse francês em expandir a sua defesa e as sanções ocidentais impostas aos russos possibilita que Paris ocupe o espaço deixado no setor armamentista.
“A França tem consideravelmente mais armas encomendadas para exportação do que a Rússia, o que sugere que é possível que na próxima década as exportações de armas francesas sejam da mesma ordem de grandeza, ou até maiores que as da Rússia”, afirmou Wezeman.
Atualmente, os cinco maiores exportadores de equipamentos defesa, que representam 76% das vendas totais, são Estados Unidos, Rússia, França, China e Alemanha. Os americanos seguem ocupando o status de superpotência bélica, com o aumento de 40% no setor, enquanto a Ucrânia ocupa o de grande importador dos últimos quatro anos.