Forças de Israel mataram jornalista deliberadamente, conclui investigação
Constatação feita pela Autoridade Nacional Palestina sobre a morte de Shireen Abu Akleh é rejeitada por Tel Aviv
![Esta imagem de arquivo de folheto obtida de um ex-colega da falecida jornalista de TV veterana da Al-Jazeera, Shireen Abu Aqleh, mostra sua reportagem de Jerusalém em 12 de junho de 2021. - A Al-Jazeera disse Abu Aqleh, 51, uma figura proeminente nas notícias árabes do canal serviço foi morto a tiros por tropas israelenses no início de 11 de maio de 2022, enquanto cobria uma invasão ao campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada. Mas o primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, disse que é "provável" que um tiroteio palestino a tenha matado. (Foto por HANDOUT/AFP) / RESTRITO A USO EDITORIAL - CRÉDITO OBRIGATÓRIO "FOTO AFP / " - SEM MARKETING SEM CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS - DISTRIBUÍDO COMO SERVIÇO AOS CLIENTESA Al Jazeera acusou as forças israelenses de matar Shireen “a sangue frio” e disse que ela estava “claramente usando uma jaqueta de imprensa que a identifica como jornalista” //](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/05/000_329V4NH.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
A Autoridade Nacional Palestina afirmou nesta quinta-feira, 26, que as investigações sobre a morte da jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh, em 12 de maio, indicam que forças israelenses dispararam deliberadamente contra a repórter da rede al-Jazeera. As conclusões, rejeitadas por Tel Aviv, também foram anunciadas de forma similar pela rede CNN, em uma investigação paralela.
Correspondente de longa data da emissora, a repórter foi morta com um tiro na cabeça enquanto cobria ataques do Exército israelense na cidade de Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada. O caso ganhou grande repercussão mundial e, pouco depois do anúncio das conclusões da investigação, a rede al-Jazeera anunciou que irá trabalhar com um escritório especializado para enviar o caso ao Tribunal Penal Internacional, citando o “assassinato a sangue frio” de sua funcionária.
+Jornalista é morta por forças de Israel na Cisjordânia, diz emissora
O procurador-geral da Palestina, Akram al-Khatib, disse que a jornalista vestia um colete que dizia ‘imprensa’ para sinalizar que era uma profissional da comunicação. Outros jornalistas também estavam no local. Ali al-Samoudi, do mesmo veículo, também foi baleado nas costas, mas está em condição estável.
“A única fonte de disparos foi pelas forças de ocupação com o objetivo de matar”, disse o procurador.
Al-Khatib informou também que as investigações foram baseadas em relatos de testemunhas, uma inspeção da cena e um relatório médico forense. Segundo ele, não haviam combatentes palestinos perto do local do assassinato, contradizendo as alegações de autoridades israelenses de que ela poderia ter sido morta por palestinos armados.
A autópsia e um exame forense realizados em Nablus, na Cisjordânia, após a morte de Abu Akleh mostraram que ela foi baleada por trás, indicando que estava tentando fugir enquanto as forças israelenses continuavam a disparar contra o grupo de jornalistas
Em uma investigação paralela, a emissora americana CNN anunciou conclusões similares após acesso a mais de 10 vídeos do incidente e de momentos antes e depois do ato. Segundo a rede, não houve qualquer combate ativo e não havia palestinos na região e, depois de conversas com testemunhas, afirmou que evidências indicam a morte deliberada da jornalista.
Em comunicado à imprensa, o ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, rejeitou as conclusões e disse que acusações de que soldados israelenses “miram jornalistas ou aqueles que não estão envolvidos é uma mentira bruta”.
Em meio à tensão, na semana passada, a polícia de Israel repreendeu com cassetetes uma procissão durante o funeral de Shireen Abu Akleh, da Al Jazeera. Mais de cem pessoas se reuniram em frente ao hospital St. Joseph, em Jerusalém, antes do enterro, e começaram a carregar o caixão de Abu Akleh a pé para a Igreja Ortodoxa Grega.