Um novo estudo dos Estados Unidos mostrou que o movimento abrupto da China para acabar com seu rígido regime contra a Covid-19 pode ter levado a quase 2 milhões de mortes a mais nos dois meses seguintes. A pesquisa, publicada na quinta-feira 24, foi retirada de uma amostra de dados de mortalidade publicados por algumas universidades na China e de pesquisas na Internet.
De acordo com os dados divulgados, cerca de 1,87 milhão de mortes a mais por todas as causas ocorreram entre pessoas com mais de 30 anos de idade entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023. Esses números foram observadas em todas as províncias da China continental, exceto no Tibete.
O estudo, realizado pelo Fred Hutchinson Cancer Center e publicado no JAMA Network Open, disse que o número de mortes excedeu em muito as estimativas oficiais do governo chinês em janeiro. O número previa que 60 mil pessoas com Covid-19 morreram em hospitais desde que a política de Covid Zero, que englobava medidas rígidas de controle de movimento e de confinamento, foi abandonada um mês antes.
+ Japão libera água de Fukushima no mar, apesar de críticas da China
“Nosso estudo sobre o excesso de mortes relacionadas ao levantamento da política de Covid Zero na China estabelece uma estimativa de referência derivada empiricamente. Essas descobertas são importantes para compreender como a propagação repentina da Covid-19 em uma população pode impactar a mortalidade populacional”, escreveram os pesquisadores.
Especialistas em saúde global apelaram repetidamente à China para revelar mais dados à medida que começaram a surgir relatos de aumento de hospitalizações e mortes. A ameaça de novas variantes aumentou especialmente essa preocupação.
A China parou de divulgar resultados diários oficiais de mortes no final de 2022. A Organização Mundial da Saúde afirma que houve 121.628 mortes por Covid na China, de um número global total de quase 7 milhões.
+ Brics anuncia seis novos membros do bloco
Uma província chinesa chegou a publicar brevemente dados em um website mostrando que as cremações aumentaram 70% no primeiro trimestre deste ano. Porém, o conteúdo foi removido posteriormente.
Em fevereiro deste ano, os principais líderes da China declararam uma “vitória decisiva” sobre a Covid. Porém, o vírus ainda circula no país e, na quinta-feira, as autoridades de saúde de Pequim disseram que a Covid ainda é a doença infecciosa número um na capital. As autoridades citaram uma nova variante Omicron, chamada EG.5 ou “Eris”, como a atual cepa dominante em todo o país.
“O Departamento Nacional de Controle e Prevenção de Doenças disse que a proporção da nova variante EG.5 aumentou de 0,6% em abril para 71,6% em agosto, tornando-se a cepa dominante na maioria das províncias da China”, informou o jornal Global Times.