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Fim das monções motiva refugiados muçulmanos a deixar Mianmar

Desde agosto de 2017, mais de 200 pessoas morreram no Golfo de Bengala e no Mar de Andamão

Por Da Redação
Atualizado em 5 dez 2018, 17h00 - Publicado em 5 dez 2018, 14h54
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  • Pessoas da minoria rohingya estão fugindo de Mianmar em um novo êxodo de barcos. Pelo menos seis embarcações que carregavam centenas de refugiados foram interceptadas ou encalharam ao longo do último mês.

    Desde agosto de 2017, mais de 200 pessoas morreram no Golfo de Bengala e no Mar de Andamão, a maioria na travessia entre Mianmar e Bangladesh. Durante a temporada de monções, que começa em junho e impõe condições perigosas de navegação, as viagens são interrompidas. Mas com o fim das chuvas, em outubro, volta a onda de emigração, incentivada pelos mares mais calmos.

    As monções são uma variação climática que ocorre no sul e sudeste da Ásia, em que massas de ar do Oceano Índico em direção ao continente promovem fortes tempestades durante o verão. Em algumas regiões, a quantidade de chuva acumulada pode alcançar os 3000 milímetros. No verão amazonense, por exemplo, as médias são de 600 milímetros. 

    Refugiados serão repatriados

    Na manhã de terça 4, vinte homens da minoria rohingya chegaram à costa da província indonésia de Aceh em um pequeno barco, em busca de refúgio.

    Na semana passada, a Marinha de Mianmar interceptou 38 rohingyas, dezenove homens, onze mulheres e oito crianças, em meio ao Mar de Andamão, rumo à Malásia. Depois da apreensão do barco, eles foram detidos pela polícia local e reenviados ao território Rahkine, onde dezenas de milhares de rohingya são forçados a viver em campos de refugiados.

    Ainda não foi confirmado se os homens que chegaram a Aceh nesta semana fugiram de Rahkine ou de Cox’s Bazar, uma cidade em Bangladesh onde quase 1 milhão de refugiados rohingya estão vivendo.

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    Desde agosto de 2017, mais de 700.000 pessoas da minoria muçulmana fugiram da destruição de suas casas e violência de militares e budistas da província Rahkine, em Mianmar, no que a ONU descreveu como “um exemplo literal de limpeza étnica”. O Exército nega combater civis e diz que ataca somente militantes da causa rohingya.

    Caroline Gluck, porta-voz da ACNUR, disse que previamente a maioria dos barcos deixando o país partia em direção a Bangladesh, o que explica a grande comunidade em Aceh, mas que “agora existem indicações de que os barcos estão tomando destinos diferentes.”

    “Existem diferenças entre o padrão dos movimentos de agora e os de 2015”, declarou Gluck, enfatizando a intervenção local para lidar com os refugiados que tomam o mar. “Os barcos são menores e têm menos passageiros. Os pontos de desembarque também mudaram, mas os esforços das autoridades de Mianmar e Bangladesh para evitar que eles saiam para o alto-mar aumentaram.”

    Apesar das acusações da ONU, em outubro Bangladesh e Mianmar entraram em acordo sobre a repatriação desses refugiados. O processo começou no início de novembro.

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    Comunicação dificultada

    O povo rohingya tem sua própria língua e cultura e diz ser descendente de mercadores árabes e outros grupos que estão na região de Rahkine há muitas gerações.

    A comunicação com os imigrantes é dificultada por suas particularidades: “Nós não podemos nos comunicar porque eles não falam indonésio, achém ou inglês. Então não sabemos muito sobre eles.”, disse Iswandi, chefe do distrito Idi Rayeuk, em Aceh.

    Mianmar, um país predominantemente budista, nega cidadania à minoria e excluiu sua existência do último censo, em 2014, se recusando a reconhecê-los até como povo. Eles são vistos pelo governo como imigrantes ilegais de Bangladesh.

     

     

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