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Filhos de Jamal Khashoggi pedem que sauditas entreguem o corpo do pai

Jornal turco denuncia que funcionários sauditas foram enviados ao consulado em Istambul para apagar provas do assassinato do jornalista

Por Da Redação
5 nov 2018, 11h22

Os filhos do jornalista Jamal Khashoggi pediram às autoridades da Arábia Saudita que devolvam o corpo de seu pai para a família em uma entrevista à emissora CNN neste domingo (4).

Crítico do governo saudita, Khashoggi vivia em exílio nos Estados Unidos. Foi assassinado em 2 de outubro no consulado de seu país em Istambul, na Turquia.

“Eu realmente espero que tudo o que aconteceu não tenha sido doloroso para ele, ou que tenha sido rápido, que tenha sido uma morte pacífica”, declarou Abdullah Khashoggi durante a entrevista gravada em Washington.

“Tudo o que queremos agora é enterrá-lo em Al Baqi, em Medina, com o resto de sua família”, disse seu irmão Salah, referindo-se a um cemitério na Arábia Saudita. “Falei sobre isso com as autoridades sauditas e espero que aconteça rapidamente”, acrescentou.

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A Procuradoria turca disse recentemente que Khashoggi foi estrangulado pouco depois de entrar no consulado e também confirmou que seu corpo foi desmembrado. Yasin Aktay, conselheiro do presidente Recep Tayyip Erdogan insinuou em um artigo publicado na sexta-feira (2) que o corpo pode ter sido destruído em ácido.

Os filhos do jornalista expressaram preocupação de que o trabalho de seu pai, um colunista do jornal americano The Washington Post, esteja sendo distorcido por razões políticas.

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“Eu vejo muitas pessoas agora tentando recuperar seu legado e, infelizmente, algumas estão usando isso de uma maneira política com a qual não concordamos”, disse Salah à CNN. “Meu medo é que ele está sendo politizado demais”.

Os irmãos disseram que se basearam principalmente em reportagens da imprensa para entender a morte de seu pai. “Há muitos altos e baixos (…) e estamos tentando conhecer a história, partes da história, para completar o filme”, disse Abdullah.

“É confuso e difícil. Não é uma situação normal e não é uma morte normal”, acrescentou.

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Eliminação de evidências

Segundo afirmou uma importante autoridade turca ao jornal local Sabah, a Arábia Saudita teria enviado à Turquia dois funcionários para “apagar” as provas do assassinato de Jamal Khashoggi no consulado.

Os dois homens, um químico e um especialista em toxicologia, foram enviados à Turquia “com o único objetivo de apagar as provas do assassinato de Jamal Khashoggi antes que a polícia turca fosse autorizada a registrar as instalações”, confidenciou o funcionário, que pediu anonimato.

“O fato de uma equipe de faxineiros ter sido enviada da Arábia Saudita nove dias após o assassinato sugere que os líderes sauditas estavam cientes da morte de Khashoggi”, acrescentou.

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O consulado saudita foi inspecionado pelas autoridades turcas pela primeira vez na madrugada de 15 para 16 de outubro. A residência do cônsul saudita também foi alvo de buscas no dia 17.

O caso

As autoridades sauditas mudaram sua versão sobre os fatos em várias ocasiões. Primeiro, afirmaram que Khashoggi fora morto em uma briga com oficiais consulares. Alguns dias depois, uma autoridade do governo recuou e disse que o jornalista tinha sido assassinado em uma “operação clandestina”, não autorizada pela administração saudita.

Ao reconhecer a morte do jornalista, a Promotoria saudita anunciou a prisão de dezoito pessoas e a demissão de funcionários de segurança envolvidos nos fatos.

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As explicações sauditas não convenceram. Céticos, os governos ocidentais e a Turquia exigem uma investigação “crível e transparente”. A imprensa turca acusa o príncipe herdeiro saudita Salman de ser um dos mandantes do crime

Um dos pontos-chave da investigação turca é uma equipe de quinze agentes sauditas, que chegou a Istambul na data do desaparecimento de Khashoggi e retornou aquela mesma noite a Riad. Ancara acredita que esses homens teriam sido enviados pelo próprio governo da Arábia Saudita para cometer o assassinato.

A Arábia Saudita prendeu esses quinze homens, assim como outras três pessoas que viajaram para a Turquia no dia anterior à morte do jornalista. Contudo, ainda não há informação de que tenham sido indiciados por algum crime.

(Com AFP)

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