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FHC: ‘Há risco de o Brasil marchar para o autoritarismo’

Ex-presidente diz ser preciso liderança que 'saiba governar' e defende agenda de 'economia social de mercado' para a redução da desigualdade e da dívida

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 28 Maio 2020, 15h20 - Publicado em 28 Maio 2020, 13h49
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  • O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta quinta-feira, 28, haver risco de uma marcha para o autoritarismo no Brasil e defendeu a adoção de uma “economia social de mercado”, na qual o Estado atue firmemente no combate à desigualdade social e na redução do endividamento público. Em uma crítica velada à administração de Jair Bolsonaro, declarou ser preciso uma liderança que traga esperança, que “saiba governar” e que tenha projetos para a fase pós-pandemia de coronavírus.

    “A democracia sempre corre risco, é preciso cuidar dela sempre. Temos de ver a democracia, a economia e a saúde em conjunto. Aqui, está havendo polarização, e a tendência autoritária cresce”, afirmou, durante conferência com o ex-presidente da Comissão Europeia José Manuel Durão Barroso promovida pela Fundação FHC.

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    “Há risco de uma desorganização institucional aqui, e isso sempre deve ser levado em consideração. Não acho inevitável nós marcharmos para o autoritarismo. É inegável que há riscos. Os que têm esse sentimento precisam perceber que isso vai contra os interesses do Brasil”, completou.

    Segundo o ex-presidente, as lideranças atuais têm de entender racionalmente o que está acontecendo não só no Brasil, mas no mundo. A pressão internacional contra o desmatamento e em favor da preservação da Amazônia – tema que pode resultar no fracasso do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia – foi citada por ele como exemplo de necessário câmbio no posicionamento oficial de Brasília, avesso às demandas de meio ambiente. Outra questão levantada por FHC foi a redução da desigualdade social como elemento essencial para a prevenção de futuras pandemia, como a da Covid-19, que agora se abate especialmente sobre as camadas mais vulneráveis da população. “Aqui está faltando razão e sentimento.”

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    FHC chamou a atenção para a necessidade de não se postergar as eleições municipais de novembro, para não haver precedentes para o adiamento dos pleitos federais daqui a dois anos. Também afirmou ter “medo” da reação popular depois de passada a pandemia, quando as pessoas já não se comunicarão apenas pelas redes sociais e estarão aptas a sair às ruas. “A população sabe e se comunica. É possível que, terminada a preocupação com a saúde, se volte para cobrar a renda perdida”, afirmou, depois de acentuar o fato de a pandemia ter vindo de avião ao Brasil e causado a desorganização da economia e, somente na quarta-feira 27, mais de 1.000 mortes no país.

    CPMF

    Ao detalhar sua proposta de “economia social de mercado” – modelo no qual o Estado tenha um papel mais decisivo na redução do endividamento público e da desigualdade e na regulamentação das atividades – FHC ponderou haver necessidade de elevar a arrecadação fiscal por meio da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), desde que sua receita seja destinada exclusivamente à diminuição da dívida pública, e da taxação sobre grandes fortunas.

    No plano dos gastos públicos, salientou ser fundamental a adoção de um programa de renda mínima universal. Também acentuou que as empresas terão de cobrir a parcela de investimento que o Estado já não é capaz orientar para a inovação tecnológica e científica. Para ele, as autoridades da área econômica devem se adaptar a esse “choque de realidade” ou deixar seus postos no governo.

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    “O estado tem de ser confiável. O aumento dos impostos não pode trazer o aumento do estado, mas a redução da dívida pública. Temos de desideologizar essa questão. A CPMF não é uma questão liberal, mas realista”, defendeu. “A liderança nova não pode ser abstrata: tem de ter propostas para o país que as pessoas simples entendam”, completou.

    O ex-presidente igualmente se posicionou contrariamente à tese da privatização do Banco Brasil, defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, por considerar que a instituição ainda é instrumento de ação do governo. “Quando o Banco Central reduz a taxa de juros básica, o primeiro a diminuir as suas é o Banco do Brasil”, ponderou.

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