No dia seguinte à decisão do Conselho de Segurança da ONU, que autorizou o envio de mais soldados para reforçar a missão humanitária no Sudão do Sul, o Exército do país trava novo combate contra grupos rebeldes na cidade de Malakal. Já em Bor, considerada uma cidade estratégica e retomada pelo governo na terça-feira, prosseguem as batalhas para expulsar os últimos focos rebeldes. “O Exército os está expulsando, mas a maioria dos rebeldes que estavam na cidade fugiu”, afirmou à agência France-Presse da Informação, Michael Makwei. Segundo ele, seu colega da Defesa, Kuol Manyang, lidera a operação em Bor, sua cidade natal.
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Os combates prosseguem em Malakal, capital do estado petroleiro do Alto Nilo, embora o governo negue que tenha perdido o controle da cidade para os rebeldes. “As forças do governo e os rebeldes lutam desde esta manhã em Malakal”, acrescentou Makwei. “Não é verdade que os rebeldes a tenham tomado”, acrescentou.
A reconquista de Bor, que os rebeldes tomaram aparentemente sem maior resistência, colocou fim a uma semana de ataques. Cerca de 17.000 civis fugiram em direção aos já sobrecarregados acampamentos administrados pela ONU no país, à beira de uma guerra civil.
Na terça-feira, os quinze membros do Conselho aprovaram por unanimidade uma resolução que eleva o teto autorizado de efetivos militares da missão de 7.000 para 12.500 soldados. O número de policiais vai ultrapassar 1.300, contra os 900 atuais.
Com a decisão a missão no Sudão do Sul será terceira maior mantida pela ONU em número de capacetes azuis, atrás das que atuam em República Democrática do Congo e em Darfur. O reforço no Sudão do Sul incluirá helicópteros de combate e transporte, e especialistas em direitos humanos. Contudo, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, advertiu que o envio “não acontecerá de um dia para o outro”, e que a organização “não pode proteger todos os civis do país”. Ele pediu aos grupos rivais o fim do conflito.
O Sudão do Sul se separou do Sudão em 2011 sob um acordo de paz que encerrou décadas de guerras em um dos maiores estados da África. A crise no estado independente teve início no dia 15 de julho, na capital Juba, e se espalhou por metade dos dez estados do jovem país. O presidente Salva Kiir denunciou uma tentativa fracassada de golpe, responsabilizando o ex-vice-presidente Riek Machar – que rejeitou a acusação.
Potências ocidentais e países africanos tentam intermediar um diálogo entre o presidente Kiir, da etnia dinka, e Machar, da tribo nuer, que foi destituído do cargo em julho. O enfrentamento entre o Exército e rebeldes já deixou milhares de mortos.
(Com agência France-Presse)