O ex-presidente da França François Hollande foi ouvido como testemunha na investigação sobre a venda – que não foi concluída – de aeronaves francesas para o Brasil durante o governo de Dilma Rousseff.
O ex-mandatário brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva é acusado de lavagem de dinheiro e tráfico de influência neste caso.
A audiência com Hollande aconteceu no dia 4 de julho em Paris no escritório do francês, segundo confirmou um membro de sua equipe ao jornal Le Canard enchaîné nesta quarta-feira, 10.
De acordo com o veículo, o antecessor de François Hollande na Presidência francesa, Nicolas Sarkozy, também recebeu uma intimação da polícia para ser interrogado neste caso no mesmo dia, mas se recusou a comparecer.
A defesa de Lula indicou em março de 2017 que tinha solicitado a participação de ambos os ex-presidentes franceses como testemunhas para provar sua inocência. O Ministério Público Nacional francês (PNF) não quis comentar.
O caso
A Justiça brasileira investiga as condições em que o país encerrou, em dezembro de 2013, mais de dez anos de negociações e adiamentos, escolhendo 36 caças do modelo Gripen sueco às custas dos aviões Rafale franceses e dos F/A-18 Super Hornet da americana Boeing, por um contrato de 4,5 bilhões de dólares.
Neste caso, o ex-presidente brasileiro Lula, que está preso desde abril de 2018 por outro caso de corrupção, é acusado de lavagem de dinheiro, tráfico de influência e organização criminosa.
Segundo os procuradores, ele teria recebido 2,25 milhões de reais através de uma empresa de seu filho Luis Claudio “para influenciar” Dilma Rousseff, que o sucedeu como chefe de Estado em 2010, para escolher as aeronaves francesas.
O Brasil solicitou assistência jurídica mútua à França para a investigação sobre a venda dos aviões. Em junho de 2018, o primeiro-ministro sueco Stefan Löfven foi ouvido como testemunha em Estocolmo, também a pedido da Justiça brasileira.
Além de Lula, Luis Claudio e o casal de lobistas Mauro Marcondes e Cristina Mautoni foram acusados por tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa no âmbito da Operação Zelotes.
(Com AFP e EFE)