A Justiça do Egito anunciou nesta segunda-feira a libertação do ex-presidente Hosni Mubarak, o que encerrou simbolicamente o capítulo da Primavera Árabe no país. O promotor público ordenou que Mubarak seja liberado, em cumprimento a uma ordem do tribunal que o absolveu.
De acordo com informações da rede Al Jazeera, o advogado Farid el-Deeb informou que o ex-presidente, atualmente detido em um hospital militar no Cairo, “irá para casa quando os médicos liberarem” e acrescentou que ele não poderá viajar para o exterior, pois ainda aguarda o julgamento de uma investigação aberta por um órgão egípcio sobre ganhos ilícitos e fortuna acumulada de forma fraudulenta.
Desde sua prisão em 2011, Mubarak, de 88 anos, passou a maior parte de seu tempo em um hospital militar no Cairo sob prisão domiciliar. A decisão do promotor foi divulgada nesta segunda-feira, dias depois da sentença que absolveu o ex-presidente por seu envolvimento nas mortes que ocorreram durante os protestos de 2011 e que derrubaram seu governo.
Mubarak foi acusado de incitar o assassinato de participantes nos protestos durante a revolta de 18 dias, que resultou em cerca de 850 mortes em confrontos com a polícia. O ex-presidente foi condenado à prisão perpétua em junho de 2012, mas um novo julgamento foi ordenado pela Justiça.
Em novembro de 2014, um outro tribunal recomendou o arquivamento das acusações, mas a procuradoria acabou por apresentar um recurso. Seis anos após sua queda, no dia 2 de março, o tribunal de apelação confirmou o abandono das acusações, absolvendo o ex-presidente.
Famílias de vítimas da violência de 2011 reagiram com indignação à decisão. Para Khalifa Ahmed, de 69 anos, que perdeu seu filho Ahmed em 28 de janeiro de 2011, durante uma manifestação reprimida violentamente, “a sentença não faz sentido”.
Corrupção
Em janeiro de 2016, o tribunal de apelação confirmou uma sentença de três anos de prisão contra Mubarak e seus dois filhos em um caso de corrupção. Mubarak foi acusado juntamente com seus filhos por desviar mais de 10 milhões de euros (cerca de cerca de 34 milhões de reais), alocados para a manutenção do palácio presidencial. Além dos 3 anos de prisão, os três foram condenados juntos a pagar uma multa de 125 milhões de libras egípcias (cerca de 50 milhões de reais) e reembolsar o Estado em 21 milhões de libras (cerca de 9 milhões de reais).
Entretanto, a pena aplicada levava em conta o tempo já passado na prisão. Dessa forma, seus dois filhos Alaa e Gamal foram colocados em liberdade.
(Com agência AFP)