O livro de memórias, do ex-diretor do FBI James Comey, retrata o atual presidente dos Estados Unidos como se fosse a um líder de organizações mafiosas. Segundo Comey, Donald Trump é um mentiroso inveterado que submete seu pessoal a um código de lealdade que o faz parecer um “chefe da máfia”.
Trechos de A Higher Loyalty: Truth, Lies and Leadership (Uma lealdade maior: verdade, mentiras e liderança) vazou nesta quinta-feira na imprensa. O lançamento está programado para a próxima terça-feira, mas a obra já é um best seller e está em pré-venda na Amazon por 17,99 dólares.
Segundo relata o ex-diretor, as reuniões com o presidente o faziam lembrar dos tempos em que trabalhava como procurador contra a máfia. “O círculo silencioso de consentimento. O chefe no completo controle. Os juramentos de lealdade. Os Estados Unidos contra o resto do mundo. Mentir sobre tudo, coisas grandes e pequenas, a serviço de um código de lealdade que coloca a organização acima da moralidade e da verdade”, escreveu o ex-diretor, demitido por Trump em maio de 2017.
Segundo Comey, citado pelo jornal The Washington Post, o presidente vive “em um casulo de realidade alternativa”, para o qual tenta atrair outras pessoas. “O presidente não tem ética e está desconectado da verdade e dos valores institucionais”, escreve Comey, de acordo com The New York Times. “Sua liderança é transacional, impulsionada pelo ego e sobre lealdade pessoal”.
História bizarra
Comey ainda traz uma história estranha envolvendo o presidente e prostitutas russas. Segundo revelou o The Washington Post, Trump era obcecado com uma investigação da inteligência de que ele teria sido filmado com prostitutas na Rússia em 2013.
O ex-diretor conta, segundo a história que circula, Trump teria chamado as prostitutas para urinarem em cima da cama da suíte presidencial do Hotel Ritz Carlton, onde o então presidente Barack Obama e a primeira-dama Michelle ficaram durante uma visita a Moscou.
Ele assegura em suas memórias que o próprio Trump lhe falou sobre este episódio e se referia como “a coisa da chuva dourada” em pelo menos quatro ocasiões ao longo de pouco mais de quatro meses de convivência. Trump ainda teria argumentado que a história era absurda, pois ele era “germofóbico” e jamais deixaria que pessoas urinassem perto dele.
O presidente também pediu ao FBI que investigasse o assunto para demonstrar que era falso, já que “ele estava preocupado que houvesse ‘inclusive 1% de possibilidade’ que sua mulher, Melania, pensasse que era verdade”.
No entanto, na última das conversas, Trump teria perguntado o que podia fazer para “dissipar a nuvem” de um escândalo que estava sendo “muito doloroso” para sua esposa.
Pelo Twitter, o presidente chamou Comey de “delator e mentiroso”. O James Comey é um DELATOR E MENTIROSO. Praticamente todos em Washington pensaram que ele deveria ser demitido pelo péssimo trabalho que fez até ser dispensado, como, de fato, foi. Vazaram informações CONFIDENCIAIS, pelas quais ele deveria ser processado. Ele mentiu para o Congresso. Ele é um fraco.”
James Comey foi nomeado diretor do FBI pelo então presidente Barack Obama em 2013 e foi demitido por Donald Trump em maio de 2017. A demissão foi bastante controversa, pois ele liderava a investigação sobre a suposta ingerência da Rússia nas eleições presidenciais vencidas por Trump e a possível ligação da campanha do magnata e o Kremlin, agora assumida por Robert Mueller. Após sua demissão, Comey disse que havia tomado notas de suas conversas com o presidente.
(Com AFP e EFE)