Europa entrou em ‘era pré-guerra’ e não está preparada, diz premiê polonês
Donald Tusk argumenta que, se Ucrânia perder guerra para a Rússia, nenhum país do continente poderá se sentir seguro
![WARSAW, POLAND - MARCH 28: Poland's Prime Minister, Donald Tusk delivers a press statement together with Ukraine’s Prime Minister, Denys Shmyhal, (not pictured) after bilateral meetings at the Chancellery of Prime Minister on March 28, 2024 in Warsaw, Poland. High up on the meeting's agenda is the Polish farmers' protest and border blockade due to Ukrainian agricultural products. (Photo by Omar Marques/Getty Images)](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/03/GettyImages-2120174368.jpg?quality=90&strip=info&w=1024&h=683&crop=1)
O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, anunciou nesta sexta-feira, 29, que a Europa entrou em uma “era pré-guerra” e argumentou que se a Ucrânia for derrotada pela Rússia, nenhum país no continente poderá se sentir seguro. A declaração feita à imprensa ocorre após uma bilateral com seu homólogo ucraniano, Denys Shmyhal, em Varsóvia, dias depois de um míssil russo lançado contra Kiev adentrar por alguns momentos o espaço aéreo polonês.
“Não quero assustar ninguém, mas a guerra já não é um conceito do passado”, disse ele a repórteres. “É real, e começou há mais de dois anos.”
“Sei que parece devastador, especialmente para as pessoas da geração mais jovem, mas temos de nos habituar mentalmente à chegada de uma nova era. A era pré-guerra”, alertou.
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Apelos poloneses
Tusk, antigo líder do Conselho Europeu, lembrou que o presidente russo, Vladimir Putin, já culpou a Ucrânia sem qualquer prova por um ataque terrorista cometido pelo Estado Islâmico em Moscou, e “evidentemente sente a necessidade de justificar ataques cada vez mais violentos a alvos civis na Ucrânia”, citando um lançamento de mísseis hipersônicos em plena luz do dia no início desta semana.
O premiê polonês fez um apelo direto aos líderes europeus para reforçarem suas defesas. Afirmando que seu país aumentou para 4% do PIB o seu orçamento para a área, ele defendeu que todos os membros da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) deveriam investir ao menos 2% do seu PIB no setor de defesa.
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Ele também pediu que a Europa aumente a ajuda militar para a Ucrânia, avisando que os próximos dois anos de guerra decidiriam tudo: “Vivemos o momento mais crítico desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Literalmente qualquer cenário é possível”, declarou Tusk.
Escalada na guerra
A declaração de Tusk ocorreu logo após uma nova salva de mísseis russos ser lançada contra a Ucrânia, seguindo um padrão de intensificação dos bombardeios nas últimas semanas. Nesta sexta-feira, a força aérea ucraniana disse ter abatido 58 drones e 26 mísseis lançados por Moscou.
Shmyhal, o premiê da Ucrânia, comunicou que seis regiões no oeste, centro e leste do país tiveram infraestruturas energéticas danificadas. A Ukrenergo, empresa nacional de energia, anunciou apagões de emergência em três regiões – Dnipropetrovsk, Zaporizhzhia e Kirovograd – e instou a população a limitar o uso de eletricidade.
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O recém-nomeado comandante-chefe da Ucrânia, general Oleksandr Syrskiy, admitiu numa rara entrevista que a Rússia superava as forças ucranianas em “cerca de seis para um” na linha da frente.
“As forças de defesa estão agora desempenhando tarefas ao longo de toda a vasta linha da frente, com poucas ou nenhumas armas e munições”, alertou em entrevista à agência de notícias ucraniana Ukrinform, afirmando que a situação era “tensa” em algumas áreas.