Europa enfrenta pior seca em 500 anos, mostra estudo da União Europeia
Relatório segue declarações de países como Reino Unido, Holanda e França de estado de escassez de água
A Europa passa por sua pior seca em ao menos 500 anos, em meio a uma situação de alerta em dois terços do continente, afirmou o Observatório Europeu da Seca, uma agência de monitoramento da União Europeia, nesta terça-feira, 23. O relatório cita como a situação afeta a produção de energia e prejudica a agricultura.
Em relatório para o mês de agosto, o órgão afirma que 47% da Europa está sob condições de sobreaviso, com claro déficit de umidade do solo, e 17% em estado de alerta, em que a vegetação é afetada.
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“A seca severa afetando muitas regiões da Europa desde o começo do ano tem se expandido ainda mais e está piorando no começo de agosto”, diz o documento, que acrescenta que a região do Mediterrâneo deve passar por condições mais quentes e secas do que o normal até novembro.
Com a seca, há uma clara piora das colheitas de verão. O milho, por exemplo, deve ficar 16% abaixo da média dos últimos cinco anos, assim com a soja e o girassol, que devem cair 15% e 12%, respectivamente.
Ondas de calor extremo atingiram grande parte da Europa e dos Estados Unidos no mês passado, provocando pedidos generalizados por mais esforços por parte do governo para combater o aquecimento global – que, segundo cientistas, comprovadamente torna os períodos de clima quente mais, intensos, frequentes e mortais.
Mais cedo neste mês, no dia 12, o Reino Unido declarou oficialmente uma seca em partes da Inglaterra, onde cidadãos enfrentaram novas restrições do uso de água durante uma onda de calor sem precedentes que provocou incêndios florestais e danificou a infraestrutura do país.
Já a Holanda, poucos dias antes, declarou estado de escassez de água, após um verão excepcionalmente seco, sem previsão de chuva para as próximas duas semanas.
O caso é similar ao da França, onde mais de 100 municípios tiveram falta de água potável. O governo está enviando caminhões-pipa para levar água para algumas regiões, pois “não há mais nada nos canos”, disse à emissora britânica BBC o ministro da Transição Ecológica, Christophe Béchu.
Em julho, o país registrou apenas 9,7 mm de chuva, o mês mais seco desde março de 1961, segundo o Serviço Nacional de Meteorologia. Especialistas estimam que as condições irão se prolongar pelas próximas duas semanas.