O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira uma lei que impõe novas sanções econômicas contra a Rússia, mas criticou a legislação por interferir em seus poderes para moldar a política externa. O presidente considerou que o projeto teria graves deficiências e disse que poderia ter feito “acordos muito melhores” com governos do que o Congresso.
A medida, que confere ao Congresso um novo poder de veto e impede o presidente de remover as sanções impostas à Rússia, visa a punir Moscou pela suposta interferência nas eleições americanas de 2016, pela anexação da Crimeia e por seu envolvimento um conflito no leste da Ucrânia, e atinge principalmente o setor energético russo. O texto também estabelece penalidades ao Irã e à Coreia do Norte.
Depois de assinar o projeto de lei, aprovado pelo Congresso por imensa maioria na semana passada, mas que contraria seu desejo de melhorar as relações com a Rússia, o presidente republicano expôs uma longa lista de preocupações. “O projeto de lei é seriamente falho – particularmente porque invade a autoridade do poder executivo de negociar […] Eu construí uma empresa verdadeiramente grande que vale muitos bilhões de dólares. Essa é uma grande parte da razão pela qual fui eleito. Como presidente, posso fazer negócios muito melhores com países estrangeiros do que o Congresso”, disse Trump em um comunicado.
O presidente ficou de mãos atadas depois que o Congresso, controlado pelos republicanos, aprovou a legislação por uma margem tão grande na quinta-feira passada que teria impedido qualquer tentativa de veto ao projeto de lei.
A legislação já provocou contramedidas do presidente russo, Vladimir Putin, que ordenou o corte de 755 funcionários da missão diplomática dos Estados Unidos em seu país. O Ministério das Relações Exteriores russo disse que as novas penalidades dos Estados Unidos podem prejudicar a estabilidade global. “As relações entre os dois países estão em seu pior nível desde o fim da Guerra Fria, e podem piorar ainda mais”, ressaltou na terça-feira o secretário de Estado americano Rex Tillerson.
O texto despertou críticas da União Europeia, que teme prejuízos ao fornecimento de gás, e que denunciou uma ação unilateral que pode atingir algumas empresas ligadas à Rússia.
Dúvidas
A democrata mais graduada da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, expressou preocupação com o comunicado de assinatura de Trump, dizendo que ele “desperta dúvidas sérias, como se sua gestão pretende ou não seguir a lei ou se ele continuará a permitir e recompensar a agressão de Vladimir Putin”.
No comunicado, Trump se queixou do que disse serem “cláusulas claramente inconstitucionais” na legislação relacionadas aos poderes presidenciais para determinar a política externa.
(Com Reuters e AFP)