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EUA aplicam sanção a empresas chinesas por violações de direitos humanos

Departamento de comércio americano alega que companhias usam mão de obra de minoria muçulmana mantida sob repressão na região de Xinjiang

Por Ricardo Ferraz Atualizado em 21 jul 2020, 11h54 - Publicado em 21 jul 2020, 11h13
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  • Os Estados Unidos avançaram mais uma casa na disputa comercial com a China. O governo americano decidiu aplicar sanções a 11 empresas da região de Xinjiang, alegando que elas estão ligadas a violações de direitos humanos.

    O Departamento de Comércio afirma que a lista abrange companhias de biotecnologia, fabricantes de eletrodomésticos e até de perucas. As autoridades americanas disseram que várias delas usam “trabalho forçado envolvendo pessoas da etnia uigur e outros grupos minoritários muçulmanos” que moram e trabalham em Xinjiang.

    O secretário de Comércio americano, Wilbur Ross, disse em comunicado na segunda-feira, 20, que as restrições garantiriam que os produtos e a tecnologia dos EUA não sejam usados ​​na “ofensiva desprezível do Partido Comunista Chinês contra as minorias muçulmanas indefesas”.

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    O oeste da China tem grande presença de muçulmanos de origem turca. Há anos, a relação do grupo com o governo chinês é conflituosa por apresentar diferenças culturais e religiosas. O Departamento de Estado dos Estados Unidos estima que, desde 2015, cerca de 2 milhões de uigures e outras etnias passaram por campos de reeducação em Xinjiang, como parte de uma ampla repressão imposta por Pequim.

    As autoridades chinesas há muito defendem a repressão em Xinjiang como sendo necessária, para combater o extremismo. “Os EUA abusam das medidas de controle de exportação, sob o pretexto dos chamados direitos humanos”, disse Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do governo chinês, nesta terça-feira. “Isso viola as normas básicas das relações internacionais, interfere nos assuntos internos e prejudica os interesses da China”.

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    Em outubro passado, os Estados Unidos já haviam sancionado 28 empresas da região de Xinjiang pelo mesmo motivo. As tensões entre os dois países aumentam há meses. O governo americano tenta encurralar as empresas chinesas no desenvolvimento e participação de cadeias globais. O Departamento de Estado lançou uma ofensiva contra a Huawei para venda de equipamentos de telefonia 5G e faz ataques públicos à rede social TikTok, aplicativo que faz sucesso entre os jovens. Nos dois casos, alega que as empresas compartilham dados com o governo comunista chinês. 

    Nas últimas semanas, Washington também intensificou seus esforços para sancionar bens chineses produzidos com trabalho forçado. Em 1º de julho, a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA apreendeu 13 toneladas de cabelo humano em produtos originários de Xinjiang. Uma semana depois, o Departamento do Tesouro dos EUA anunciou sanções contra quatro funcionários do Partido Comunista Chinês e o Departamento de Segurança Pública de Xinjiang por violações dos direitos humanos contra muçulmanos uigures e outras minorias étnicas.

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    Washington não detalhou quais empresas americanas negociam com as empresas chinesas sancionadas. Mas algumas das marcas mais conhecidas do mundo, como Apple, Calvin Klein e Nike, entre outras, fizeram parceria com algumas das companhias incluídas na lista. Um relatório que examinou o uso de mão-de-obra uigur na China, publicado em junho pelo Australian Strategic Policy Institute, informa que essas pessoas estavam “trabalhando em fábricas que estão nas cadeias de suprimentos de pelo menos 83 marcas globais conhecidas nos setores de tecnologia, vestuário e automotivo”.

     

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