EUA oficializam na quarta-feira seu apoio ao acesso do Brasil na OCDE

Em agosto passado, Departamento de Estado havia mantido o aval para o ingresso da Argentina e da Romênia, descumprindo promessa de Trump a Bolsonaro

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 15 jan 2020, 07h04 - Publicado em 14 jan 2020, 21h12

Os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump na Casa Branca, em Washington: retirada de preferências do Brasil na OMC como contrapartida a apoio na OCDE - 19/03/2019 (Carlos Barria/Reuters)

Os Estados Unidos anunciam oficialmente nesta quarta-feira, 15, seu apoio ao acesso do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que havia sido retirado em agosto do ano passado, informaram a VEJA fontes da diplomacia. Com a medida, Washington deve deixar de lado sua aposta no ingresso da Argentina, país agora governado pelo peronista Alberto Fernández e por Cristina Kirchner, mas continuará a apoiar o acesso da Romênia.

“Entendemos que a prioridade dos Estados Unidos estará no acesso do Brasil na OCDE”, afirmou uma autoridade do governo.

A decisão de retomar o apoio ao Brasil havia sido antecipada pela Casa Branca ao governo brasileiro em dezembro. A iniciativa fora festejada em Brasília na ocasião. O compromisso americano originalmente fora anunciado durante a visita do presidente Jair Bolsonaro a seu colega americano Donald Trump, em Washington, em março de 2019, e consolidou uma aliança entre os dois governos.

Em outubro, houve desconforto quando a agência Bloomberg divulgou a carta do secretário de Estado, Mike Pompeo, ao secretário-geral da OCDE, José Ángel Gurría, com a informação de que os Estados Unidos apoiariam apenas o ingresso da Argentina e da Romênia na instituição. A carta de Pompeu fora enviada em 28 de agosto e, ao ser conhecido o seu teor, provocou reações do governo brasileiro, que já havia consentido com uma dura contrapartida – a retirada voluntária do Brasil do sistema de preferências para economias em desenvolvimento da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Dias depois, Trump reagiu pelo Twitter e disse que continuava a apoiar a entrada do Brasil na OCDE. Ao oficializá-la nesta quarta-feira, torna-se clara a desautorização da Casa Branca à atitude do Departamento de Estado. “A declaração conjunta divulgada com o presidente Bolsonaro em março deixa absolutamente claro que eu apoio o Brasil no início do processo de adesão plena à OCDE. Os Estados Unidos defendem essa declaração e defendem @jairbolsonaro. Este artigo é notícia falsa!”, escreveu Trump em relação à matéria publicada pela agência Bloomberg.