Os Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira, 7, que aviões militares farão um exercício conjunto com a Guiana, com foco na região de Essequibo, fonte de tensa disputa territorial com a Venezuela.
As manobras, segundo a Embaixada dos Estados Unidos na Guiana, acontecerão em parceria com a Força Aérea guianesa e fazem parte das operações de rotina da parceria, que ambos os países mantêm desde 2022.
“Este exercício baseia-se no envolvimento e nas operações de rotina para melhorar a parceria de segurança entre os Estados Unidos e a Guiana e para reforçar a cooperação regional”, declarou a Embaixada em comunicado.
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“Além deste exercício, o Comando Sul dos Estados Unidos continuará a sua colaboração com a Força de Defesa da Guiana nas áreas de preparação para desastres, segurança aérea e marítima e combate às organizações criminosas transnacionais”, completou. Washington também estuda a construção de uma base militar em Essequibo.
In collaboration with the @GDFGuyana, @Southcom will conduct flight operations within Guyana on December 7. Read more: https://t.co/dDxWDTbtoq pic.twitter.com/n6slaTKiQ5
— U.S. Embassy Guyana (@EmbassyGuyana) December 7, 2023
“Forte parceria”
Também nesta quinta, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, ligou para o presidente guianês, Mohamed Irfaan Ali, para expressar apoio dos americanos à Guiana e debater a “cooperação robusta” na área de segurança.
Today @SecBlinken spoke with President @DrMohamedIrfaa1 about our support for Guyana's sovereignty and our robust security and economic cooperation. We look forward to continuing our strong partnership once Guyana joins the @UN Security Council in 2024.
— Matthew Miller (@StateDeptSpox) December 7, 2023
O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, afirmou que os Estados Unidos “esperam continuar a nossa forte parceria assim que a Guiana aderir ao Conselho de Segurança das Nações Unidas em 2024”.
Tensões
Este será o primeiro movimento do Exército americano no local desde que Caracas realizou um referendo, no domingo 3, a respeito da anexação de Essequibo, território atualmente controlado pela Guiana, que equivale a dois terços do país, mas que o governo venezuelano reivindica como seu. Logo depois, Nicolás Maduro anunciou um “novo mapa” da sua nação, com a incorporação da região guianesa.
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O anúncio das manobras conjuntas também acontece um dia depois de um helicóptero do Exército da Guiana com sete pessoas a bordo, incluindo cinco militares de alta patente, desaparecer perto da fronteira com a Venezuela.
Os militares fariam uma inspeção dos soldados situados na área de fronteira. Na manhã desta quinta, autoridades do país ainda investigavam as causas do desaparecimento, e afirmaram que Washington vai ajudar nas buscas.
Disputa histórica
A posse de Essequibo foi concedida em 1899 à Guiana, à época uma colônia inglesa, por meio de arbitragem feita pelos Estados Unidos. A Venezuela questiona desde então a decisão e, em 1966, chegou a firmar um acordo com a Inglaterra, que reconhecia como nulo o Laudo Arbitral. Naquele mesmo ano, no entanto, a Guiana conquistou a independência, o que na prática manteve o acordo em suspenso até hoje. Desde então, a Venezuela considera o caso em aberto, à espera de uma solução.
A disputa voltou a esquentar em 2015, quando foi descoberto petróleo na região de Essequibo. Estima-se que na Guiana existam reservas de 11 bilhões de barris, sendo que a parte mais significativa é “offshore”, ou seja, no mar. Por causa das reservas fósseis, a Guiana tornou-se o país sul-americano que mais cresce nos últimos anos.