EUA: Ex-advogado de Trump é proibido de exercer advocacia em Nova York
Rudolph W. Giuliani esteve envolvido em amplo complô de Trump, que tinha como finalidade reverter resultado das eleições presidenciais americanas de 2020
Rudolph W. Giuliani, antigo advogado do ex-presidente americano Donald Trump, foi impedido nesta terça-feira, 2, de exercer a advocacia em Nova York, nos Estados Unidos. Ele esteve envolvido em um amplo complô de Trump, que tinha como finalidade reverter o resultado das eleições presidenciais de 2020, responsáveis por selar a derrota republicana e alçar Joe Biden à Casa Branca.
Segundo a decisão do tribunal de apelações de Nova York, Giuliani disseminou mentiras “projetadas para criar desconfiança no sistema eleitoral do nosso país nas mentes dos cidadãos e destruir sua confiança na legitimidade do nosso governo”. O veredito, divulgado em um documento de 31 páginas, destacou que “a seriedade da má conduta do réu (Giuliani) não pode ser exagerada” por ter abusado “flagrantemente de sua posição de destaque como advogado pessoal do ex-presidente Trump e sua campanha”.
O aliado de Trump, conforme indica o parecer do tribunal, “atacou e minou infundadamente a integridade do processo eleitoral” dos EUA — técnica muito utilizada pelo republicano para descredibilizar o sistema antes, durante e após o pleito de 2020, independentemente de qual fosse o resultado aferido nas urnas.
“(Giuliani) não apenas violou deliberadamente alguns dos princípios mais fundamentais da profissão jurídica, mas também contribuiu ativamente para o conflito nacional que se seguiu à eleição presidencial de 2020, da qual ele não se arrepende de forma alguma”, acrescentou o texto.
Em dezembro do ano passado, Giuliani, de 80 anos, foi condenado a pagar US$ 148 milhões (R$ 730 milhões na cotação da época) em indenização a duas ex-funcionárias eleitorais do estado da Georgia por difamação. Na época, ele as acusou de fraudar o resultado das eleições para beneficiar a campanha de Biden, sem apresentar provas. Dias após a sentença, ele entrou com processo de falência, argumentando que era dono de um patrimônio de apenas US$ 10 milhões e somava US$ 153 milhões em dívidas.
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Relembre o caso
Ruby Freeman e Shaye Moss, mãe e filha, atuavam na contagem das cédulas quando Giuliani, acompanhado de outros republicanos, as acusou de retirarem cédulas de uma mala e acrescentá-las ilegalmente de urnas na State Farm Arena, em Atlanta. Em 2021, Freeman e Moss entraram com uma ação contra o trumpista, que também é ex-prefeito de Nova York.
Em julho de 2023, Giuliani admitiu ter mentido sobre o envolvimento de Freeman e Moss na suposta fraude eleitoral no estado da Georgia. Em um documento judicial, ele reconheceu ter feito comentários “falsos” e “acionáveis”, enquanto afirmou ter deixado de questionar “elementos factuais de responsabilidade”. No entanto, ele negou ter provocado qualquer forma de dano à reputação de ambas as mulheres e que suas falas eram protegidas pela Primeira Emenda da Constituição americana, que pauta a liberdade de expressão.
Um mês após a declaração, a juíza federal Beryl A. Howell considerou Giuliani culpado por “difamação, imposição intencional de sofrimento emocional, conspiração civil e reivindicações de danos punitivos”. Ela afirmou, ainda, que a tentativa do trumpista de colocar-se como vítima no caso “frustrou” os “direitos processuais das duas mulheres para obter qualquer descoberta significativa”.