Os Estados Unidos aprovaram a venda de mais de 1.000 pequenos drones de combate a Taiwan, por US$ 360 milhões, nesta quarta-feira, 19. A ilha autogovernada do Pacífico, mais ou menos do tamanho de Alagoas, vive sob a ameaça da China continental, para quem todo o pequeno arquipélago faz parte de seu território. Diante de uma Pequim cada vez mais bélica, o governo taiwanês prometeu reforçar suas capacidades de “guerra assimétrica” (quando o agressor é muito maior que o agredido), tendo em vista as tácticas bem sucedidas utilizadas pela Ucrânia no campo de batalha contra a Rússia.
Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, o gabinete presidencial de Taiwan agradeceu aos Estados Unidos pelos seus compromissos de segurança, acrescentando que esta foi a 15ª venda de armas do governo de Joe Biden à ilha desde 2021.
“Taiwan continuará a fortalecer as nossas capacidades de autodefesa e de guerra assimétrica para aumentar a nosso poder de dissuasão”, disse a porta-voz do gabinete presidencial, Karen Kuo. “Defenderemos firmemente o nosso sistema constitucional de democracia e liberdade e trabalharemos com países com ideais semelhantes para salvaguardar a ordem internacional baseada em regras.”
Os drones
Taiwan receberá 720 mísseis para drones Switchblade e sistemas de controle de fogo no valor de US$ 60,2 milhões, de acordo com um comunicado da Agência de Cooperação para Segurança e Defesa dos Estados Unidos. Os americanos também fornecerão ao aliado no Pacífico até 291 munições ociosas para drones Altius 600M e componentes de apoio, com um preço de US$ 300 milhões, disse a agência.
O Switchblade, um pequeno drone de asa fixa, é um armamento barato, leve e de precisão. O seu míssil pode ser lançado em apenas dois minutos, permanecer no ar por 20 minutos e ter um alcance de 30 quilômetros. O fabricante do equipamento, AeroVironment, já afirmou que o drone teve um bom desempenho na defesa da Ucrânia contra a invasão russa.
Enquanto isso, o Altius 600M é maior, e capaz de transportar “múltiplas opções de ogivas”, segundo o fabricante Anduril. O drone pode ser lançado a partir de plataformas terrestres, aéreas e marítimas. Ambos modelos podem ser usados para reconhecimento.
Ameaças chinesas
A venda ocorre ao passo que a China aumenta a pressão militar sobre Taiwan, com extensos exercícios militares ao redor da ilha e voos quase diários de aviões de guerra. Pequim prometeu “reunificar-se” com a ilha pela força, se necessário, e o líder chinês, Kim Jong-un, estipulou que seu país deve estar pronto para tomar o território até, no máximo, 2027.
Ao abrigo da Lei de Relações com Taiwan, Washington é legalmente obrigado a fornecer à ilha os meios para se defender, apesar dos americanos não reconhecerem seu território como um país independente. Ainda assim, as vendas de armas costumam suscitar críticas furiosas por parte de Pequim.
Num discurso na cúpula de defesa do Diálogo de Shangri-La, em Singapura, no início deste mês, o ministro da Defesa chinês, Dong Jun, criticou “forças externas de interferência” por venderem armas e terem “contatos oficiais ilegais” com Taiwan, em aparente referência aos Estados Unidos.