EUA ameaçam voltar a impor sanções contra petróleo da Venezuela
Retomada do bloqueio econômico é uma resposta à restrição da candidatura de opositores do governo Maduro nas eleições presidenciais deste ano
Os Estados Unidos alertaram nesta quarta-feira, 17, que podem tornar a impor sanções contra o setor de petróleo e gás da Venezuela, levantadas no final do ano passado como sinal de boa-fé para que o país realizasse eleições livres e justas em 2024. Porém, para Washington, faltou Caracas cumprir a sua parte da barganha dentro do prazo estipulado – até esta quinta-feira, 18.
A retomada dos bloqueios é justamente uma resposta ao que o governo americano qualificou como um fracasso do líder venezuelano, Nicolás Maduro, em organizar um pleito legítimo. Washington deixou claro que o alívio às sanções não será renovado se o regime não permitir que candidatos da oposição participem das eleições presidenciais de 28 de julho, uma das condições do acordo celebrado em Barbados, com mediação da Noruega, no final do ano passado.
“Deixamos muito claro que se Maduro e os seus representantes não implementassem plenamente as condições ao abrigo do acordo de Barbados, voltaríamos a impor sanções. Eu diria apenas para ficarem atentos”, disse Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
Termos
O governo de Maduro cumpriu alguns dos termos do acordo, incluindo o estabelecimento de um calendário eleitoral e o convite a observadores internacionais ao pleito. No entanto, o impedimento da candidatura de opositores, incluindo María Corina Machado – vencedora das primárias da oposição que foi impedida de concorrer a cargos públicos por 15 anos – e a substituta dela, Corina Yoris, fez com que um grupo de senadores americanos do Partido Republicano enviassem uma carta pressionando o presidente, Joe Biden, a renovar o bloqueio econômico.
“Não devemos enfraquecer a influência americana ao levantar as sanções dos Estados Unidos enquanto o governo Maduro ignora deliberadamente as suas obrigações”, disseram os senadores na carta.
O ministro venezuelano do Petróleo, Pedro Tellechea, se pronunciou sobre o assunto afirmando que as empresas internacionais continuam buscando o país e que “a Venezuela será respeitada com ou sem sanções”. O próprio Biden havia voltado a se relacionar diplomaticamente com o governo Maduro como maneira de aumentar a oferta de combustível e compensar o aumento dos preços provocado pelas sanções ocidentais impostas à Rússia em 2022.
Possíveis consequências
A decisão dos Estados Unidos pode acarretar no aumento dos preços do petróleo globalmente e fazer com que mais imigrantes venezuelanos abandonem o país e se dirijam para a fronteira entre os Estados Unidos e o México – o que pode ser prejudicial para Biden nas eleições presidenciais deste ano.
Como meio termo, os assessores de Biden consideraram proibir novamente a utilização do dólar americano nas transações do petróleo venezuelano como uma possível sanção. No entanto, o país continuaria permitindo que a Venezuela venda livremente o produto.
Mesmo que Washington decida retomar o bloqueio ao petróleo da Venezuela, ainda existe a possibilidade de um novo acordo com Caracas caso Maduro mude sua postura em relação as eleições venezuelanas.