A recusa de Moscou em permitir a retomada de inspeções presenciais coloca em risco tratados nucleares e controles de armas entre Estados Unidos e Rússia no geral, afirmou o governo de Joe Biden na terça-feira, 31. A conclusão foi entregue ao Congresso e resumida em uma declaração do Departamento de Estado.
As inspeções de instalações militares dos EUA e da Rússia sob o tratado nuclear START foram interrompidas por ambos os lados por causa da pandemia do coronavírus em março de 2020. O comitê EUA-Rússia que supervisiona a implementação do tratado se reuniu pela última vez em outubro de 2021, mas a Rússia suspendeu unilateralmente sua cooperação com as disposições de inspeção do tratado em agosto de 2022 para protestar contra o apoio dos EUA à Ucrânia.
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“A recusa da Rússia em facilitar as atividades de inspeção impede os Estados Unidos de exercer direitos importantes sob o tratado e ameaça a viabilidade do controle de armas nucleares russo-americanos”, disse o Departamento de Estado na terça-feira.
O governo também culpou a Rússia pelo fracasso dos dois países em retomar as negociações exigidas pelo acordo.
Sob o último acordo restante de controle de armas em vigor, o novo tratado de Start, os Estados Unidos e a Rússia concordaram com um teto de 1.550 ogivas estratégicas implantadas, referindo-se àquelas ogivas montadas em terra ou mísseis lançados no mar.
Todos os números existentes sobre o assunto são especulativos, mas de acordo com a Federação de Cientistas Americanos, a Rússia tem 5.977 ogivas nucleares, sendo 1.500 delas aposentadas. Os EUA, por sua vez, teriam 5.428.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia, por sua vez, afirmou em agosto passado que havia informado aos EUA que estava suspendendo temporariamente as inspeções no local exigidas pelo tratado. Como justificativa, a pasta afirmou que as sanções de Washington impostas pela invasão à Ucrânia mudaram as condições entre os dois países e que os EUA em si estariam impedindo russos de realizarem suas próprias inspeções em solo americano.
Em 16 de janeiro, a Rússia disse ter finalizado sua primeira ogiva nuclear Poseidon, um super torpedo que seria capaz de desencadear ondas radioativas no oceano para tornar as cidades costeiras inabitáveis. A arma tem suas raízes nos planos soviéticos de Josef Stalin para um torpedo nuclear que seria capaz, no contexto da União Soviética e da Guerra Fria, de devastar a costa dos Estados Unidos.
A legislação russa prevê o seu uso em apenas quatro oportunidades: lançamento de mísseis balísticos contra o território russo ou seus aliados; uso de armas nucleares contra a Rússia ou seus aliados; ataque a locais críticos governamentais ou militares que ameace a sua capacidade nuclear; e agressão contra a Federação russa com uso de armas convencionais quando a própria existência do Estado está em perigo.