O Estado Islâmico reivindicou nesta segunda-feira, 31, a autoria de um ataque durante um comício político em Khyber Pakhtunkhwa, província situada na fronteira do Paquistão com o Afeganistão. Mais de 1.000 pessoas participavam do evento do partido ultraconservador islâmico e pró-Talibã Jamiat Ulema-e-Islam (JUI-F) quando a explosão de um homem bomba matou 54 pessoas, incluindo líderes de partidos regionais, no último domingo.
“Um agressor suicida do Estado Islâmico detonou sua jaqueta explosiva no meio de uma multidão”, disse a agência de notícias Amaq, do Estado Islâmico, ao publicar uma foto do autor do ataque.
Lotados pelo incidente, os hospitais locais não conseguiram atender as demandas de mais de 200 feridos, levando à transferência de parte deles para outras instituições de atendimento de diferentes províncias da região. Ainda no domingo, autoridades paquistanesas anunciaram que o grupo jihadista Estado Islâmico na província de Khorasan (ISKP), que atua no Afeganistão, era responsável pelo ataque, informação confirmada nesta segunda-feira.
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Fundado em 2o15, o ISKP acusa o partido Jamiat Ulema-e-Islam de ferir os princípios islâmicos por se aproximar do governo paquistanês e por defender pautas do Talibã afegão, seus inimigos autodeclarados. Além do ataque no comício, o grupo terrorista também assassinou clérigos e diplomatas, bem como realizou atentados em escolas no Afeganistão. Em resposta ao episódio de domingo, o Talibã do Paquistão (TTP) defendeu que “tais crimes não podem ser justificados de forma alguma”.
Ao lamentar sua ausência no evento político, o senador e porta-voz da JUI-F, Hafiz Hamdullah, definiu o ataque como “terrorismo flagrante” e alertou para as falhas dos agentes de segurança locais e do governo. Ele disse, ainda, que o incidente não impediria o partido de seguir com os comícios e campanhas, que visam as eleições gerais paquistanesas, previstas para outubro.
Não é a primeira vez que a província de Khyber Pakhtunkhwa é palco de violência explícita. Nos últimos meses, militantes em maioria das forças do Talibã paquistanês, realizaram múltiplos ataques semanais no local, escalando a tensão com autoridades governamentais e militares. A instabilidade proporcionou, então, um terreno fértil para que o ISKP estabelecesse sua influência na região, como relatou o analista político Zahid Hussain ao jornal britânico The Guardian.
“A crescente instabilidade e os ataques militantes fornecem uma janela para todas as organizações militantes, incluindo o ISKP, aumentarem seus ataques”, afirmou. “Esses ataques à polícia, comícios políticos e forças de segurança acabaram com a breve ilusão de paz no Paquistão”.