A Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro informou que vai investigar três policiais envolvidos na morte da turista espanhola que foi atingida por um tiro no pescoço nesta segunda-feira, 23, durante uma blitz na favela da Rocinha, na zona sul do Rio. Dois deles foram presos logo após a ocorrência e serão investigados por homicídio doloso (com intenção) porque descumpriram normas ao atirar contra o veículo.
Em nota, a PM comunicou que “já identificou a autoria [do disparo] e está adotando procedimentos preliminares de investigação sobre os agentes envolvidos no caso da turista na Rocinha”. “As armas foram recolhidas para perícia no Centro de Criminalística da Polícia Militar do Rio de Janeiro e o Ministério Público foi notificado das medidas em curso”, diz o texto.
Fabio Cardoso, titular da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, disse que a Corregedoria da PM está apurando a atuação de três agentes da polícia que participavam da blitz. Eles seriam os responsáveis por dar ordem de parada ao veículo no qual estava a turista espanhola.
Cardoso também indicou que a vítima, que foi identificada como María Esperanza Jiménez Ruiz, de 67 anos, recebeu pelo menos um disparo no pescoço. Segundo a versão oficial, Jiménez e outros turistas circulavam em um veículo Fiat quando “romperam o bloqueio policial” situado no Largo do Boiadeiro, uma área tradicional de comércio na Rocinha.
A polícia disparou contra um veículo e, “durante a abordagem, verificou que se tratava de um veículo para o transporte de turistas”. A espanhola ficou ferida e chegou a ser levada para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Zona Sul do Rio, mas não resistiu. A vítima estava de férias no Rio de Janeiro com seu irmão, José Luis Jiménez, e sua cunhada, que estão prestando depoimento às autoridades.
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), pediu a volta do Exército e da Polícia Federal à Rocinha, onde uma guerra vem sendo travada entre grupos rivais de traficantes há mais de um mês.
Película escura
O motorista que levava a turista espanhola – um italiano que mora há quatro anos no Brasil – disse à Polícia Civil não ter visualizado o bloqueio policial de dentro do carro, que tem película escura nos vidros.
“Foi ouvido o disparo e a turista caiu dentro do carro. A irmã dela estava no carro e disse que também não viu o bloqueio”, afirmou o delegado. “Uma turista vir ao Rio e ser assassinada é inadmissível. A gente vai identificar e colocar na cadeia quem fez essa covardia. Até o fim da tarde teremos pessoas identificadas e presas. Mas qualquer divulgação prematura pode ser leviana, pode levar a pré-julgamentos. Vamos ver a dinâmica, se havia ou não blitz, se era visível ou não.”
As identidades e patentes dos policiais envolvidos na ocorrência não foram divulgadas.
(Com Estadão Conteúdo)