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Esquerda diz que eleição foi ‘roubada’ e convoca ato após Macron nomear premiê

Jean-Luc Mélenchon, pilar da coalizão esquerdista que venceu pleito legislativo, diz que ascensão do conservador Michel Barnier é 'negação' da vontade popular

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 set 2024, 13h11 - Publicado em 5 set 2024, 10h04
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  • Jean-Luc Mélenchon, líder do partido de extrema esquerda França Insubmissa, afirmou nesta quinta-feira, 5, que a nomeação do novo primeiro-ministro pelo presidente do país, Emmanuel Macron, foi uma “negação” da vontade popular por desrespeitar os resultados do pleito legislativo de julho, em que a coalizão esquerdista Nova Frente Popular ficou em primeiro lugar. Depois que Michel Barnier, do partido de direita Republicanos, foi alçado ao cargo, Mélenchon afirmou que “a eleição foi roubada” e convocou uma manifestação para 7 de setembro.

    “A Nova Frente Popular, que ficou em primeiro lugar nas eleições, não ocupará o posto de primeiro-ministro e a responsabilidade de se apresentar aos deputados”, afirmou ele em seu canal no YouTube, após o anúncio da nomeação de Barnier. “Portanto, a eleição foi roubada do povo francês. A mensagem foi negada”, acrescentou.

    A coalizão de esquerda tornou-se a maior força política na Assembleia Nacional da França, mas não foi suficiente para atingir a maioria absoluta de 289 assentos. O grupo centrista de Macron e a extrema direita compõem as outras duas principais alas no parlamento. O partido de Barnier, Republicanos, da direita tradicional, ficou em quarto lugar.

    “Mobilização mais poderosa possível”

    Além disso, Mélenchon afirmou que sua coalizão não acredita “nem por um momento” que será possível formar uma maioria na Assembleia Nacional com Barnier como porta-estandarte, e convocou uma manifestação para o próximo sábado, 7.

    “Não quero acreditar que os franceses concordem em ser tratados desta forma”, disse o líder esquerdista, apelando “à mobilização mais poderosa possível”.

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    Manuel Bompard, membro do partido de Mélenchon, que é um dos pilares da coalizão Nova Frente Popular, também afirmou que a nomeação de um político do Republicanos era equivalente a uma “dupla negação do resultado eleitoral”.

    “Enquanto a Nova Frente Popular ficou em primeiro lugar nas eleições, o partido de Michel Barnier obteve 6,5% (dos votos) nas eleições legislativas e tem 40 deputados na Assembleia Nacional”, afirmou ele no X, antigo Twitter.

    Já Oliver Faure, chefe do Partido Socialista, sigla mais moderada que também faz parte da Nova Frente Popular, denunciou ser uma “negação da democracia” que Macron tenha nomeado um primeiro-ministro do partido que ficou em quarto lugar nas eleições. “Estamos entrando em uma crise de regime”, disse ele.

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    Meses de impasse

    Macron aceitou a renúncia do ex-primeiro-ministro Gabriel Attal, que faz parte de sua coalizão Juntos, e seu governo em julho, depois o grupo centrista foi derrotada no segundo turno das eleições parlamentares da França. Pleito esse que o presidente convocou de maneira antecipada, após seu partido perder de lavada para a extrema direita de Marine Le Pen nas eleições para o Parlamento Europeu em junho, como uma estratégia para conseguir de volta a influência para governar em seu país.

    As chances de Barnier formar um governo estável não são claras. Atualmente, o partido ultradireitista de Le Pen, Reagrupamento Nacional, é uma das maiores forças políticas no parlamento, tendo ficado em segundo lugar na eleição. A legenda sugeriu, anteriormente, que estaria aberta a trabalhar com o ex-negociador do Brexit e não o vetaria imediatamente.

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